Mãe apela, após morte cerebral de filho, para manter aparelhos

‘Ele está vivo. O coraçãozinho dele ainda está batendo’, diz mãe do rapaz

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Diante da não aceitação da morte do filho, o estudante Renan Grimaldi, de 18 anos, os pais mobilizaram amigos e parentes numa corrente de oração na porta do Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira. Mesmo após a morte encefálica ter sido atestada e, comprovada por meio de exames realizados num período de 48 horas, a família fez um apelo para que os aparelhos não fossem desligados. Por volta das 9h, a direção do hospital chamou o pai de Renan, o empresário Rodrigo Amorim Grimaldi e informou que não desligaria os aparelhos, mesmo contrariando os procedimentos determinados pelo protocolo. Do lado de fora do Getúlio Vargas, os mais de cem amigos e parentes comemoravam a decisão. A mãe do jovem, Vanessa de Souza da Silva Loureiro da Silva, de 32 anos, se jogou ao chão de joelhos.

— Ele (Renan) não está morto. Ele está vivo. O coraçãozinho dele ainda está batendo e os outros órgãos estão bem. Agradeço a Deus pela decisão dos médicos de não desligarem os aparelhos. Estou fazendo tudo o que posso. Vou até o fim. Meu filho vai sair de lá bem — disse a mãe, chorando muito.

Renan Grimaldi, estudante do 1º ano Ensino Médio do Colégio Franklin Carneiro, em Brás de Pina, na Zona Norte, é bastante popular entre os amigos e definido como um “meninão brincalhão”. No sábado, dia em que completou 18 anos, ele sofreu um acidente de carro em Olaria e foi levado em estado gravíssimo para o Getúlio Vargas. Na terça-feira, os médicos diagnosticaram a morte encefálica do rapaz. A família foi comunicada e também sondada sobre a possibilidade de doação de órgãos. Os pais recusaram e se mantiveram firme na crença na recuperação do filho.

— Querem desligar os aparelhos e declarar a morte do meu filho, mas os órgãos estão funcionando bem. Não concordamos com essa decisão — disse o pai, pouco antes da decisão da direção em manter Renan ligado aos aparelhos.

Logo após sair do encontro com a direção, Rodrigo Grimaldi estava aliviado e ainda com esperança:

— Nossa confiança é no Deus que cura. A Bíblia diz que a fé move montanhas.

Renan Grimaldi, que fez 18 anos no dia 19 de setembro, é o filho mais velho de Vanessa e Rodrigo, que têm outros dois. De uma família evangélica, Renan que queria seguir carreira na Polícia Civil, conforme contou a namorada do rapaz, a estudante Nayane Carvalho, de 15 anos, que fazia parte da corrente de oração na porta do Getúlio Vargas.

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Em nota, a direção do Hospital Estadual Getúlio Vargas informou que Renan Grimaldi deu entrada na unidade na madrugada de domingo, vitima de acidente automobilístico, apresentando múltiplos traumas, tendo sido imediatamente atendido e submetido à cirurgia. Porém, devido à gravidade do quadro clínico, ele teve morte encefálica declarada às 8h44m de terça-feira, quando foi encerrado o protocolo para o diagnóstico de morte encefálica.

Ainda na manhã de terça-feira, a família foi comunicada sobre o óbito, recebeu todas as informações sobre o diagnóstico e o protocolo seguido para que este fosse concluído. A direção disse ainda que desde o início do processo, a família está sendo acompanhada pela equipe multidisciplinar da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), responsável por acolher as famílias de pacientes nestes casos.

“Os familiares também estiveram reunidos com a direção médica da unidade, que segue à disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário. Assim como a direção do hospital, a Secretaria estadual de Saúde respeita e lamenta a dor da família neste momento difícil e todas as medidas serão tomadas em acordo com a família do paciente. O caso está sendo acompanhado pelas equipes de humanização e toda a assistência necessária será prestada aos familiares.”, conclui a nota.

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O Globo