Homem diz que matou médico na BA por ele tentar fazer sexo
Homem diz que conheceu vítima em um ponto de ônibus em Salvador.
Médico ficou desaparecido por 12 dias; corpo foi encontrado em matagal.
O ajudante de carpintaria Adriano Luis Correio de Jesus, de 28 anos, confessou à polícia ter matado a facadas o médico Luiz Carlos Correia de Oliveira, de 62 anos, em Salvador, durante uma discussão que teria sido iniciada após a vítima tentar uma relação sexual com ele. Adriano foi preso na quarta-feira (26).
O médico ficou desaparecido por 12 dias. Ele foi visto pela última vez ao deixar o condomínio onde morava, em Piatã. O corpo dele foi encontrado no dia 14 e identificado na terça-feira (25). O suspeito foi apresentado pela políca à imprensa nesta quinta-feira (27). Ele disse que o crime aconteceu na casa onde mora, no bairro de Pau da Lima. “Eu disse que não queria, mas eles quis ter relacionamento e a gente acabou discutindo”, disse o suspeito.
Conforme Adriano, o médico já tinha tentado se relacionar com ele antes, mas ele evitou. “Eu disse que não queria. Depois ele parou e continuamos saindo como amigos. Mas no dia, ele, talvez pelo fato de ter bebido, insistiu e acabamos brigando”, detalhou.
Segundo a polícia, o ajudante de carpintaria foi preso quando chegava para trabalhar em um canteiro de obras na Via Regional, na Avenida Gal Costa, na capital baiana. De acordo com a delegada Clelba Teles, diretora adjunta do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o caso, o suspeito afirmou que tinha um relacionamento de amizade com a vítima há três meses, quando se conheceram em um ponto de ônibus.
“Ele [o suspeito] afirma que conhecia a vitima e mantinha amizade. Os dois saiam juntos para tomar creveja e conversar, iam em pizzarias. E a vítima sempre frequentava a casa do autor, no bairro de Pau da Lima”, destacou a delegada.
Conforme Clelba Teles, a família do médico não tinha conhecimento da relação dele com o suspeito do crime. De acordo com a polícia, as investigações apontam que o crime ocorreu no mesmo dia em que o médico desapareceu, em 2 de outubro.
“Ele [suspeito] relata que no dia do crime os dois saíram, foram numa pizzaria em São Rafael, e beberam. A dona da pizzaria foi ouvida e disse que realmente os dois estiveram no local e que costumavam frequentar juntos o local, como um casal. No dia do crime, após saírem da pizzaria, ambos foram para a casa do autor. Lá, continuaram bebendo cerveja e quando a bebida acabou o autor disse que saiu de casa para comprar mais. Quando retornou, ele relata que o médico estava despido e ele pediu para que ele se vestisse. O médico se recusou e houve discussão”, contou a delegada.
Durante a discussão, segundo a polícia, o suspeito pegou uma faca na cozinha e desferiu três golpes contra a vítima na região do pescoço. O médico morreu ainda no local. Segundo relato do suspeito, o crime teria ocorrido por volta das 22h. “Ele [o suspeito] confessa e conta tudo como foi. Diz que pegou a vitima pelo pescoço, eles lutaram. A vitima era uma pessoa mais velha e o autor é mais forte, corpulento”, destacou a delegada Clelba.
Ainda conforme a polícia, o suspeito afirmou que, após matar o médico, enrolou o corpo num forro de sofá e colocou dentro do próprio carro da vítima e o levou para um matagal em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador.
O veículo, conforme a polícia, foi incialmente deixado em uma rua de Camaçari, também na região metropolitana, e depois queimado no local conhecido como Via Parafuso. A polícia afirmou que o suspeito apresenta marcas de queimaduras nas pernas porque foi atingido pelo fogo quando incendiou o carro. “Quando [ele] viu que o caso teve repercussão, decidiu queimar o veículo porque ficou com medo”, afirmou a delegada Clelba.
Investigações
A polícia afirma que chegou até o suspeito após ouvir pessoas do ciclo de relacionamento do médico. “Chegamos a pessoas próximas da vitima que não eram do relacionamento dos familiares dele. Uma das pessoas que prestaram depoimento afirmou que eles saíam sempre juntos”, disse a delegada.
Conforme Clelba Teles, o suspeito do crime nega que tenha tido relacionamento homoafetivo com a vítima e diz que os dois eram apenas amigos. “Ele alega que a vitima ajudava ele financeiramente com R$ 50, R$ 60. Ele não afirma que tinha relacionamento homoafetiovo, diz apenas que tinha encontros com a vítima, que a vítima pagava cerveja para ele e que o convidava sempre para sair”, disse a delegada.
Conforme a polícia, o suspeito e o médico se falavam com frequência desde que se conheceram. “[Quando se conheceram] o autor estava num ponto de ônibus e o médico passou com o carro, parou e os dois ‘trocaram’ celulares. Assim ele disse que conheceu a vítima e passaram a ter encontros. Mas ele afirma que nem sabia que a vítima era médico e nem que morava em Salvador. Ele afirmou que o médico dizia para ele que trabalhava com vendas”, revelou a delegada Clelba.
A delegada disse, ainda, que várias perícias foram realizadas na casa onde o crime ocorreu e onde o suspeito morava sozinho. No local, a polícia também disse ter encontrado o chip que era usado pelo suspeito no celular para se comunicar com o médico. Quando foi preso, no entanto, segundo a polícia, o suspeito já estava utilizando outro chip. A delegada destacou que as investigações continuam e que também apurado se o suspeito agiu sozinho. “Ainda não foram concluídas, porque precisamos ainda localizar documentos da vítima. A carteira dele não foi achada, assim como a faca usada no crime. Além disso, ainda falta concluir alguns laudos periciais”, disse.
O perito Mário Câmara, diretor do IML, disse que o corpo do médico deve ser liberado na próxima semana. “A família dele [do médico] quer fazer exame de DNA, mas a gente considera que não é preciso porque o corpo já está identificado. Mas, mesmo assim, vamos fazer para atender ao pedido deles. A perícia continua no sentido de tentar provar se o que o suspeito diz é verdade. Estamos tentando identificar marcas de facas na vítima e se ela foi morta realmente na data em que o suspeito relatou”, disse o perito.
Conforme a Polícia Civil, o suspeito preso já tem passagem por furto e cumpre prisão temporária. A delegada que está à frente do caso informou que, após a conclusão do inquérito, vai pedir a prisão preventiva dele. Não há prazo para o inquérito ser finalizado.
Caso
O médico Luís Carlos foi visto vivo pela última vez no início da noite de 2 outubro, domingo de eleições municipais 2016.
Conforme a polícia, o corpo do médico foi encontrado em estado avançado de esqueletização, estado mais do que avançado de decomposição, no dia 14 de outubro, em um matagal próximo de onde o carro dele foi achado três dias antes.
Um exame de arcada dentária realizado pelo Departamento de Polícia Técnica de Salvador, onde o corpo ainda está nesta quinta-feira, confirmou que se tratava do médico. A vítima estava desaparecida há 12 dias, desde quando saiu sozinha de carro da casa onde morava, no bairro de Piatã, em Salvador.
Imagens das câmeras de segurança do condomínio em que a vítima morava mostram o momento em que ela deixou o local de carro, por volta das 19h40. O médico falava ao telefone no momento em que foi filmado.
O filho mais novo do médico, que mora em Salvador, foi no dia seguinte até a casa do pai, que morava sozinho, e não o encontrou. Após perceber o desaparecimento, ele e o irmão mais velho procuraram a polícia para denunciar o caso. Na época, a polícia foi até a casa da vítima e chegou a investigar as movimentações bancárias dela, mas nada de anormal foi encontrado.
.
G1