Homem é detido por manter irmã em cárcere privado por 16 anos no Brasil

Presa por ter engravidado solteira, agricultora foi mantida em quarto escuro, sem roupa e sem banheiro, no Ceará

29-03-17-mulher-que-vivia-h-16-anos-em-crcere-privado-libertada-aps-ao-da-polcia-civil-3

Um homem foi preso na terça-feira acusado de manter a irmã em cárcere privado por 16 anos. A agricultora Maria Lúcia Braga, libertada há 21 dias, tem 36 anos e viveu 16 deles aprisionada na cidade de Uruburetama, a 120 quilômetros de Fortaleza.

João Almeida Braga, de 48 anos, prendeu Maria Lúcia em um quarto escuro quando descobriu que a irmã, ainda solteira, havia engravidado. Ele foi detido por cárcere privado e maus tratos. O bebê de Maria Lúcia, nascido em 2001, foi doado na época a outra família.

Segundo Harley Filho, delegado responsável pelo caso, o cárcere foi descoberto após uma denúncia. “Tivemos de romper dois cadeados e arames para tirá-la do cativeiro. Deu trabalho, pois, para ter acesso ao quarto, passamos por um terreno que tem três casas.”

No escuro
O quarto de Maria Lúcia, contou o delegado, tinha apenas uma rede e um pano usado como lençol. Não havia banheiro. “O odor de fezes e urina tomava conta do local”, descreveu Harley Filho. Ela era mantida nua no quarto.

Segundo depoimentos de parentes de Maria Lúcia, ela tinha duas refeições diárias – uma às 10 horas e outra entre 15 e 16 horas. Nas poucas vezes em que alguém abria o quarto, ela tentava escapar.

O cativeiro não tinha eletricidade e a janela sempre ficava fechada. Maria Lúcia foi levada ao hospital da cidade e agora está na casa de uma família, onde, segundo a polícia, passa bem. Como perdeu a capacidade de falar, ela se comunica pela escrita. “Aos poucos ela está recuperando a fala”, afirma Harley Filho.

Filho localizado
O filho entregue a doação, hoje com 16 anos, foi localizado pelos policiais. “Vamos com calma para não gerar mais traumas”, diz o delegado.

Os pais da vítima são idosos e debilitados, de acordo com a Polícia Civil, e João cuidava das finanças da casa. Ele argumentou que o encarceramento era necessário para que a irmã não engravidasse novamente. Maria Lúcia teria ficado grávida após o fim de um relacionamento. O término também teria causado problemas psicológicos à jovem, que tinha uma vida normal antes de ser aprisionada.

.

(Com O Estado de S.Paulo)