Aqui é Muricy: técnico volta com fome de bola e contagia jogadores no Fla

Treinador mostra fôlego em dia, comanda equipe em treinos em dois períodos e põe jogadores para treinar situações de jogo desde os primeiros dias da pré-temporada

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A cena se repete a cada treino do Flamengo nesta pré-temporada em Mangaratiba. O treinador Muricy Ramalho chega pouco antes das 9h no campo do resort, ao lado do inseparável auxiliar Tata. Longe do grupo de jogadores no aquecimento, ele observa e troca ideias com outros membros da comissão técnica. Quando a bola rola, o treinador exibe o bom e velho jeito de comandar as equipes. Bem de perto, Muricy gesticula, chama o jogador, grita, pede marcação, não deixa ninguém ficar parado e contagia o grupo rubro-negro.

Após oito meses parado para cuidar da saúde, Muricy retornou ao futebol mais magro e com fome de bola. Desde o primeiro dia em Mangaratiba, colocou jogadores com o brinquedo preferido deles. Quase todos os treinos físicos são com a redonda colada ao corpo – e com o próprio Muricy arremessando as bolas para a atividade não parar. Com o aval do preparador físico que trouxe, Carlito Macedo, o técnico intensifica os treinos com bola e prepara a equipe para o jogo-treino da próxima quinta-feira contra o Tigres, em Mangaratiba.

– Trabalhei nos últimos 10 anos na Europa e no futebol árabe. Lá é norma já colocar a bola no início das atividades. Alternar a base física com a técnica. Por isso desde o primeiro momento a bola faz parte da preparação – lembra Carlito.

Um dos entusiastas da contratação de Muricy Ramalho, o diretor de futebol Rodrigo Caetano, acompanha de perto a preparação do time. Nessa segunda-feira, o treinador colocou todos os quatro goleiros do elenco para ficarem como último homem de linha. Aliás, no São Paulo foi Muricy quem aprovou de vez Rogério Ceni como batedor oficial de pênaltis e faltas.

– Ele vem com métodos daquilo que o futebol atual exige. Desde o início, sempre priorizando a posse de bola, envolvido com as atividades, interessado em tudo, nos detalhes. E com a liderança dele: a cobrança, com nível de exigência nos treinamentos, que todos podem ver – comenta Rodrigo Caetano, reforçando que o treinador conquistou funcionários com a simplicidade e o trato no dia a dia.

O zagueiro Antonio Carlos, de 22 anos, disse que a chamada que o treinador dá nos atletas ajuda principalmente os mais novos a não se acomodarem.

– Gosto desse tipo de treinador que nem ele. Que tem cobrança o tempo todo. Tem que ser assim para não nos acomodarmos. Quero treinar ainda melhor para fazer sombra ao titular, que vai ter que se esforçar mais ainda – apostou o jogador.

Em campo, por enquanto, apenas três mudanças. Rodinei entrou na vaga de Pará, Juan fez companhia a Wallace e William Arão ganhou o lugar de Canteros. Muricy ainda vai ter oportunidade de observar Marcelo Cirino e Ederson – além, é claro, de Mancuello. O Flamengo mostra bastante cautela no aproveitamento desses jogadores, tentando equilibrar os músculos dos atletas e condicioná-los da melhor forma possível antes da temporada.

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Esteira para se cuidar

Agitado por natureza, Muricy Ramalho, aos 60 anos, passou por problemas de saúde mais graves no ano passado, quando se afastou para a retirada de uma pedra na vesícula. No dia-a-dia em Mangaratiba, fora do trabalho no campo, o treinador caminha em ritmo intenso na esteira e mostra preocupação em se cuidar. Nos treinos, não poupa esforços e muito menos gritos.

“Não anda, não!” foi o primeiro aviso logo no primeiro treino em Mangaratiba. A cobrança é rígida. O treinador pede marcação forte, movimentação da equipe e tem reprimido chutão ou as chamadas ligações diretas. Quer o time tocando a bola e procurando espaços. William Arão, que tem boa saída para o ataque, tem recebido elogios do treinador.

Após um fim de ano marcado pela indisciplina que mereceu punição da direção do clube, o treinador conquistou também os dirigentes do alto escalão rubro-negro. Em visita a Mangaratiba, os vice-presidentes Flavio Godinho e Plínio Serpa Pinto deixaram claro que o efeito da contratação de Muricy também era uma espécie de choque de ordem no grupo para 2016.

– O astral está muito bom. Notamos a serenidade, a credibilidade, a experiência e o respeito que o Muricy impõe. É um clima diferente do que terminou o ano passado. Estamos aqui para dar condição de trabalho, porque esse ano, como diz a marchinha.

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