‘O pobre é que sofre’, diz babá de foto polêmica durante manifestações

Moradora de Nova Iguaçu, Maria Angélica, de 45 anos, diz que se sentiu exposta ao ver sua foto estampada nos jornais

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A foto do vice-diretor de finanças do Flamengo, Claudio Pracownik, acompanhado da esposa e da babá com uniforme conduzindo o carrinho com duas crianças durante as manifestações contra a corrupção, no último domingo (13), viralizou nas redes sociais e gerou críticas. Em entrevista ao extra, Maria Angélica Lima, de 45 anos, que aparece cuidando das crianças, diz que se sentiu exposta ao ver sua foto estampada nas capas de jornais.

Moradora de Nova Iguaçu, ela conta que trabalha apenas nos finais de semana para ajudar com as despesas da casa onde vive com o marido e as duas filhas de dois e 16 anos. “O pobre é que sofre. O preço da comida aumentou muito. Íamos reformar a casa, mas não vai dar”, afirma ela, que apoia as manifestações, mas não acredita em uma mudança rápida.

“Sou (a favor dos protestos). Mas queria que isso tudo acontecesse, e tivesse resultado. Falei para o meu patrão: ‘As pessoas querem o impeachment e que as coisas mudem, mas não vai mudar’. A presidente Dilma saindo, quem entrar vai continuar roubando. O Brasil é assim. Quem está com dinheiro, como os políticos, vai continuar tudo bem. A gente que vai sempre levar a pior”, diz Maria.

Apesar dos internautas terem enxergado a imagem da babá como um retrato da desigualdade social no país, Maria Angélica afirma que não tem problema em usar o uniforme e agradeceu o apoio que recebeu.

“Não fiquem preocupados. Quem me apoiou, sabe do valor da gente, que é babá, de trabalhar, de ter nosso dinheiro. A gente tem de dar valor ao trabalho, independente de usar de uniforme ou não”, disse ela.

Através das redes sociais, Claudio Pracownik se manifestou e afirmou que ganha dinheiro de forma honesta e que a babá recebe a mais por trabalhar nos finais de semana. Confira o comunicado na íntegra:

”Sí Pasarán!

Ganho meu dinheiro honestamente, meus bens estão em meu nome, não recebi presentes de construtoras, pago impostos (não, propinas), emprego centenas de pessoas no meu trabalho e na minha casa mais 04 funcionários. Todos recebem em dia. Todos têm carteira assinada e para todos eu pago seus direitos sociais.

Não faço mais do que a minha obrigação! Se todos fizessem o mesmo, nosso país poderia estar em uma situação diferente A babá da foto, só trabalha aos finais de semana e recebe a mais por isto. Na manifestação ela está usando sua roupa de trabalho e com dignidade ganhando seu dinheiro.

A profissão dela é regulamentada. Trata-se de uma ótima funcionária de quem, a propósito, gostamos muito.

Ela é, no entanto, livre para pedir demissão se achar que prefere outra ocupação ou empregador. Não a trato como vítima, nem como se fosse da minha família. Trato-a com o respeito e ofereço a dignidade que qualquer trabalhador faz jus.

Sinto-me feliz em gerar empregos em um país que, graças a incapacidade de seus governantes, sua classe política e de toda uma cultura baseada na corrupção vive uma de suas piores crises econômicas do século.

Triste, só me sinto quando percebo a limitação da minha privacidade em detrimento de um pensamento mesquinho, limitado, parcial cujo único objetivo é servir de factoide diversionista da fática e intolerável situação que vivemos.

Para estas pessoas que julgam outras que sequer conhecem com base em um fotografia distante, entrego apenas a minha esperança que um novo país, traga uma nova visão para a nossa gente. Uma visão sem preconceitos, sem extremismos e unitária.

O ódio? A revolta? Estas, deixo para eles.”

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Matéria original do iBahia