Jones dá lampejos, faz luta cautelosa e vence St-Preux em retorno ao UFC

Americano conquista cinturão interino dos pesos-meio-pesados com atuação segura

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Após 15 meses afastado dos octógonos, Jon Jones voltou a ter um cinturão sobre o ombro neste sábado. O título não é o absoluto, é interino – o campeão linear, Daniel Cormier, se lesionou e teve de desistir de enfrentá-lo nesta data – e a performance do ex-campeão dos pesos-meio-pesados do Ultimate foi bem aquém do que apresentou durante seu reinado na divisão. Mesmo sem ritmo, contudo, “Bones” mostrou lampejos de seu talento durante uma performance estratégica e fez o suficiente para dominar Ovince St-Preux, que saiu derrotado por decisão unânime (50-44, 50-45, 50-45) na luta principal do UFC 197, na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas.

A luta foi longa, e o reencontro com o cinturão não durou muito. Jones recusou a Dana White, presidente do UFC, que colocasse o adereço em torno de sua cintura, e logo entregou a peça aos seus treinadores.

– Não quero este cinturão, este não é o cinturão real. Quero o meu cinturão real de volta – disse “Bones”, destituído do título em abril do ano passado após se envolver em problemas com a Justiça americana. Ele deve ter a chance de reconquistar o cinturão linear em 9 de julho, no UFC 200, conforme foi anunciado na transmissão americana do evento – a confirmação, todavia, ainda depende de Daniel Cormier, atual campeão, ser liberado em exame médico.

Nunca a música de entrada de Jones fez tanto sentido. Quando a voz de Skylar Grey começou a soar cantando “estou voltando para casa”, o ex-campeão meio-pesado abriu um sorriso de quem voltava ao lugar no qual está mais à vontade: o octógono. Antes de entrar no cage, porém, o lutador fez questão de ir na área VIP beijar os pais, a esposa e os irmãos Arthur e Chandler, ambos jogadores de futebol americano. Ao chegar na porta, “Bones” parou, se abaixou, rezou e fez o sinal da cruz, antes de dar sua já tradicional estrela. Do outro lado, St-Preux parecia relaxado, apenas aguardando sua oportunidade de estragar a festa do adversário.

Quando Herb Dean autorizou o combate, Jones foi com calma. Estudou, esperou, até soltar seu primeiro chute rodado. O ex-campeão entrou com cautela, respeitando o adversário. Com pouco mais de um minuto, jogou o chute oblíquo, sua marca registrada. Logo veio um pisão lateral na linha de cintura, que fez St-Preux andar para trás. O americano descendente de haitianos não encontrava a distância ou o ângulo para golpear, e circulava por fora. Jones soltou mais alguns chutes, inclusive um bom na linha de cintura. Ele conectou mais um chute rodado no abdômen, engoliu um jab, quase quedou e encerrou o primeiro round com uma tentativa de queda.

gettyimages-523611212Jones seguiu no centro do cage no segundo round. Ele tentou marcar o tempo dos chutes de OSP para quedá-lo, mas desistiu ao sentir alguns cruzados do adversário. St-Preux, aos poucos, ia ficando mais confortável e arriscando mais seus cruzados de esquerda. Ele também conectou joelhadas curtas num momento de clinche. Jones se desvencilhou, jogou um chute alto e clinchou contra a grade. Desta vez, o ex-campeão acertou boas cotoveladas. OSP conseguiu se livrar e acertou um duro cruzado de direita. “Bones” absorveu, se recuperou e passou a investir nos chutes oblíquos no joelho esquerdo. OSP ainda acertou outro bom cruzado de direita, mas Jones encerrou o assalto com um chute rodado na cabeça que abalou o adversário.

O ex-campeão iniciou o terceiro round com mais pisões no joelho. Foi nesse período também que Jones voltou a usar outra de suas marcas registradas: a cotovelada rodada. Ele acertou uma joelhada em seguida, mas OSP seguia de pé. “Bones” foi minando a base do adversário, alternando com golpes mais plásticos, como o chute alto e o chute no fígado. St-Preux tentou soltar as mãos, mas Jones mostrou ótima esquiva e conectou mais bons chutes.

OSP parecia confiante no quarto round, após sobreviver aos três primeiros, e começou a arriscar mais chutes à meia altura e cruzados. Porém, Jones aproveitou para atacar um double leg e derrubar o adversário. St-Preux se levantou, mas não sem antes levar uma joelhada no corpo. Jones passou a perseguir o descendente de haitianos pelo cage, acertou uma boa cotovelada e voltou a derrubar no double leg. Desta vez com dois minutos restando no round, o ex-campeão caiu na posição de 100kg e passou a jogar suas características cotoveladas na cabeça. OSP tentou usar a tela para sair debaixo, mas Jones acompanhou e pegou as costas. Jones girou, ficou por cima, mas não teve tempo para nocautear.

Jones seguiu cauteloso no quinto e último round. Ele conectou bom chute na linha de cintura, seguido por outro chute rodado no abdômen, mas na maior parte apenas acompanhava St-Preux, que circulava lentamente, cansado. Jones acertou um upper, encurralou o adversário contra o cage e voltou a derrubar no double leg. Contudo, o ex-campeão optou por se levantar novamente e deixar OSP seguí-lo. Jones passou raspando com um chute alto e foi para novo clinche, claramente administrando a vitória. Nos segundos finais. ele soltou o adversário e passou a circular, apenas aguardando o final. Foi a 13ª vitória seguida de “Bones” no UFC, apenas três lutas atrás da marca de 16 de Anderson Silva, recorde da companhia.

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Mesmo com a marca, Jones foi sincero na avaliação de sua performance e pediu desculpas à torcida por não dar o show esperado.

– Tudo acontece por uma razão, talvez eu devesse vir aqui para tirar essa luta do caminho. Demorei um pouco para apertar o gatilho. Sinto que usei só 20% da técnica que conheço. Desculpem, caras, queria ter apresentado meu melhor, mas tudo acontece por um motivo, talvez eu precisasse vencer uma antes de derrotar o DC. Eu estava só observando, vendo, imaginando como podia conectar minhas técnicas. Ele não estava mordendo a isca e foi difícil – comentou Jones após a luta.

Confira os resultados completos do UFC 197:

CARD PRINCIPAL
Jon Jones venceu Ovince St. Preux por decisão unânime (50-44, 50-45 e 50-45)
Demetrious Johnson venceu Henry Cejudo por nocaute técnico aos 2m49s do R1
Edson Barboza venceu Anthony Pettis por decisão unânime (29-28, 29-28 e 30-27)
Robert Whittaker venceu Rafael Natal por decisão unânime (29-28, 30-27 e 30-27)
Yair Rodriguez venceu André Fili por nocaute aos 2m15s do R2
CARD PRELIMINAR
Sergio Pettis venceu Chris Kelades por decisão unânime (triplo 30-27)
Danny Roberts venceu Dominique Steele por decisão unânime (triplo 29-28)
Carla Esparza venceu Juliana Lima por decisão unânime (triplo 30-27)
James Vick venceu Glaico França por decisão unânime (29-28, 29-28 e 30-27)
Walt Harris venceu Cody East por nocaute técnico aos 4m18s do R1
Marcos Pezão venceu Clint Hester por finalização aos 4m35s do R1
Kevin Lee venceu Efrain Escudero por decisão unânime (triplo 29-28)

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Combate