‘Por todas elas’: caso de estupro coletivo no Rio motiva protesto na Bahia
Marcado para o próximo dia, sábado, o ato será organizado pela Marcha das Vadias
Motivadas pelo recente caso de estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro, mulheres de todo o Brasil organizam uma manifestação para o próximo sábado, dia 4 de junho. Com o lema “Por todas elas”, em Salvador, o ato será organizado pela Marcha das Vadias e pede “uma vida sem assédio” e “uma vida sem medo”. Além da capital baiana, há protestos marcados para cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
Por aqui, a passeata vai sair da Praça do Campo Grande às 13h e seguirá até a Barra, pelo Corredor da Vitória. “O Brasil inteiro está fazendo e a gente vai fazer (o mês de) junho inteiro de atividades. Vamos fechar Salvador e marchar até a Barra para chamar atenção. É no Corredor da Vitória que muitos desses ‘bonitões’ moram. São os filhos deles que ficam impunes”, denuncia a coordenadora da Marcha das Vadias Nacional e da América Latina, Sandra Muñoz, também integrante da rede de atenção à violência contra as mulheres em Salvador.
No evento no Facebook, cerca de 500 pessoas já tinham confirmado presença e outras 500 afirmaram ter interesse no evento. Ainda segundo Sandra, que é uma das organizadoras, o ato terá um trio. “A gente vai falar do caso do New Hit e várias meninas também vão lá falar. Quebrar o silêncio não é fácil, porque a gente tem certeza de que cada mulher tem o seu jeito. O feminismo ajuda a respeitar as mulheres em seus momentos, incluindo o dia que ela quer falar e o dia que ela não quer falar. (Falar sobre a violência sofrida) É doloroso, é muito doloroso”, afirma Sandra.
O Silêncio das Inocentes
De fato, por muitos motivos, as vítimas não conseguem falar. Ou não querem. Algumas sequer sabem que têm essa possibilidade, nem imaginam que têm motivos para fazer isso. Suas histórias se tornaram invisíveis. As vozes foram abafadas. Como o CORREIO mostrou no especial O Silêncio das Inocentes, publicado em dezembro do ano passado, à maioria delas, só resta a solidão do silêncio.
A série mostrou que somente 10% dos casos de estupro chegam ao conhecimento da polícia, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em Salvador, onde a média de denúncias é de 1,4 por dia, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), o número, seria ainda maior. Num exercício de projeção, dá para imaginar que diariamente 14 mulheres são estupradas em Salvador — dessas, pela estimativa, pelo menos 12 estariam se calando todos os dias.
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