Eudes Benício: “Algumas coisas mudam, já outras…”

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“Algumas coisas mudam, já outras…”

Já ouvi alguns comentários do tipo “nem parece que vai ter eleições esse ano”. A verdade é que teremos eleições (municipais), sim, mas algumas mudanças na legislação eleitoral já estão sendo sentidas por partidos, candidatos e por nós eleitores.

A chamada minirreforma eleitoral foi aprovada em 2015 e mudou consideravelmente as regras da disputa política neste ano. Das mudanças mais impactantes, para começar, está proibido o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas. Ou seja, empresas não podem mais doar milhares ou milhões para campanhas de seus prediletos. Legalmente, sequer um realzinho.

Tem partido e candidato literalmente sem saber para onde correr e com sérias dificuldades de viabilizar financeiramente suas campanhas. Mas isto não é ruim para o ambiente democrático ou para a política. Chega daquelas campanhas milionárias financiadas com dinheiro de empresas que depois vão querer seu retorno quando os financiados estiverem eleitos. Não era doação, era “investimento”.

E sabe aquela sensação de que falei no começo do texto? Então, a reforma também reduziu pela metade tempo da campanha eleitoral, de 90 para 45 dias, começando somente em 16 de agosto. Por isso que ainda não temos comícios, carreatas e pedidos de votos por todos lados. Na prática, eles já se apresentam como pré-candidatos, mas já sabemos muito bem que serão os protagonistas da briga.

Isso é parte do que mudou, mas como disse, há coisas que parecem que não mudam nunca. Uma delas é essa ideia de hereditariedade do poder que existe no Brasil e Campo Formoso não escapa. os dois candidatos que disputam a prefeitura são, e não há coincidência, irmãos dos representantes políticos que a cidade tem atualmente, na Assembleia Legislativa do Estado e na Câmara dos Deputados. Fica tudo em casa.

A renovação de energias que Campo Formoso tanto precisa, ao menos por enquanto, não estará representada nos sobrenomes. Não é um bom prognóstico. Qualquer um dos irmãos vai começar com o desafio de reconstruir o que Campo Formoso perdeu nos últimos anos (que não foi pouco!) e mostrar que podem fazer mais do que reproduzir marcas que carregam no nome.

Eudes Benício é jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia

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