Simulações mostram impacto da redução de juros, em muitos casas, redução é mínima
Taxa básica de juros caiu de 13,75% para 13%. Bradesco e Banco do Brasil anunciam diminuição para pessoas físicas e jurídicas acima da Selic
A decisão do Banco Central em reduzir 0,75 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 13,75% ao ano para 13%, começou a estimular cortes também nas taxas de juros praticadas por instituições financeiras. O Bradesco e o Banco do Brasil (BB), dois dos principais bancos do país, anunciaram taxas menores para pessoas físicas e jurídicas. O Bradesco informou ainda que todo o portfólio de cartões de crédito terá redução das taxas em 6 pontos base. No caso do BB, o rotativo terá queda de quatro pontos percentuais.
Nos dois bancos, as quedas estão acima da Selic. No entanto, para a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o corte ainda é tímido. Segundo o presidente da entidade, Miguel de Oliveira, isoladamente a redução não vai ser suficiente para estimular o consumo, como deseja o governo. “De forma direta, o impacto é pequeno e os juros continuam muito altos. Mas a sinalização destas quedas em sequência já traz um alento para a economia”, pontuou.
De acordo com um levantamento realizado pela Anefac, o efeito direto da Selic nas linhas de crédito só será sentido pelo consumidor na análise do financiamento como um todo, levando em consideração o tipo de crédito e o número de prestações. No caso de um financiamento em 60 meses de um automóvel de R$ 25 mil, por exemplo, com a queda mensal da taxa de juros de 2,32% para 2,26%, a redução no valor total pago pode chegar a R$ R$ 648,41.
Mas se a aquisição for uma geladeira de R$ 1,5 mil no crediário, a diferença não é tão significativa. Com juros de 5,88% ao mês para 5,82%, a prestação cairia de R$ 177,74 para R$ 177,15. Ou seja, diminuição de R$ 7,03 em cima do total. “A economia parece ser de centavos. Mas a quantidade das quedas é que vai trazer um consolo para o cenário econômico”, destacou Oliveira.
Bancos
Esta foi a primeira vez, desde abril de 2012, que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a Selic em 0,75 ponto. No Banco do Brasil, a maior redução, de 4 pontos percentuais, será no rotativo do cartão de crédito. No cheque especial, a redução foi de 0,09 ponto percentual ao mês. “Esse primeiro passo do sistema financeiro é uma contribuição fundamental para o atual momento do país”, destacou o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli.
Para os clientes do Bradesco, os cortes passam a valer a partir de segunda-feira (16). A redução vai contemplar, sobretudo, as linhas de crédito pessoal, financiamento de veículos e cheque especial, assim como o portfólio de cartões de crédito com diminuição do rotativo em 6 pontos base. “A medida acompanha a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). As novas condições valem em toda a rede de agências”, destacou o Bradesco, em nota.
A Caixa Econômica afirmou que já possui taxas bastante competitivas em todas as suas linhas de crédito. Porém, o banco disse que irá monitorar as carteiras para possíveis ajustes de preço. “A taxa Selic é um dos parâmetros que norteiam as Instituições Financeiras na definição dos preços dos seus produtos de crédito; porém, outros fatores são considerados nas análises e cálculos de composição do preço, o qual deve garantir a sustentabilidade do banco”, escreveu.
O Santander não tem previsão de quando vai reduzir as taxas nem de quanto será o corte, mas se mostrou favorável a nova Selic. “É necessário reposicionar as taxas de juros frente à nova realidade inflacionária, que seguramente permitirá que o Banco Central conduza o Brasil rumo a juros de um dígito”, considerou o presidente do banco, Sérgio Rial. O Itaú disse ao CORREIO, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não havia nenhum posicionamento da instituição financeira sobre as reduções nos produtos que o banco oferece.
Negociação
Para aqueles que acumulam dívidas junto aos bancos, a redução da taxa de juros significa a contração de crédito mais barato, como pontua o educador financeiro, Antônio Carvalho. “O melhor a se fazer agora é negociar, o quanto antes esta dívida no menor tempo possível. Após a queda da Selic, Os bancos tendem a se mostrarem mais abertos a negociações”.
O especialista alerta que muitas destas dívidas estão capitalizadas com taxas antigas, o que vai exigir do consumidor um poder maior de barganha. “A dica é procurar a instituição e tentar ver junto ao credor a redução das muitas e juros até aqui. Neste caso, o ideal é fazer uma boa proposta de quitação à vista. Se a negociação for parcelada, busque uma proposta que caiba no seu orçamento mensal”, acrescenta Carvalho.
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