Defesa de Temer pede que plenário do STF devolva ação à PGR
Advogados do presidente solicitaram que a Corte aprecie ainda nesta quarta (20) pedido para denúncia retornar para a PGR. Nesta terça (19), relator da Lava Jato negou pedido de devolução.
A defesa do presidente Michel Temer protocolou pedido para o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) analisar nesta quarta-feira (20) a devolução para a Procuradoria Geral da República (PGR) da denúncia apresentada, na semana passada, contra o peemedebista por organização criminosa e obstrução à Justiça. Os advogados do presidente da República querem que a acusação seja analisada pela nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Nesta terça (19), o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, rejeitou o pedido dos defensores de Temer para devolver a denúncia para a PGR. O magistrado argumentou no despacho que é preciso aguardar a conclusão do julgamento que analisará a eventual suspensão da denúncia.
Os defensores solicitaram na petição para Fachin rever sua decisão de devolver a acusação para reanálise do Ministério Público ou, caso contrário, submeta o pedido ainda nesta quarta como questão de ordem ao plenário do tribunal, que reúne os 11 ministros do Supremo.
O argumento da defesa de Temer é de que a denúncia apresentada na última quinta (14) pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aponta diversos fatos anteriores ao mandato presidencial, mas não faz menção à regra da imunidade, que impede a responsabilização do chefe do Executivo federal por fatos ocorridos antes de ele assumir o comando do Palácio do Planalto.
Pela Constituição, é proibida a responsabilização do presidente da República, durante a vigência do mandato, por atos estranhos ao exercício das funções. Por isso, a defesa do presidente argumentou que a denúncia deveria voltar para reanálise da PGR.
Suspensão da denúncia
Na sessão da tarde desta quarta, com a presença da nova procuradora-geral, os ministros do Supremo irão retomar o julgamento iniciado na última semana que está apreciando se o tribunal deve suspender o envio para a Câmara de novas denúncias e novos inquéritos contra Temer até uma definição sobre a validade das delações dos executivos do grupo J&F, dono do frigorífico JBS.
A Constituição determina que denúncias contra o presidente da República devem ser encaminhadas à Câmara, a quem cabe autorizar, por no mínimo 2/3 dos deputados, a análise da acusação pelo STF.
Além disso, os magistrados da Suprema Corte estão avaliando se são válidas as provas entregues no acordo de delação premiada dos dirigentes da J&F em razão de a PGR ter apontado omissão de informações por parte do empresário Joesley Batista – um dos donos da holding – e do diretor de Relações Institucionais do grupo, Ricardo Saud. Os dois estão presos por ordem de Fachin.
Provas entregues pelos delatores da J&F integram a acusação contra Temer. A defesa do presidente diz que não são válidas, pela suspeita de que os delatores da J&F foram orientados pelo ex-procurador da República Marcelo Miller quando ele ainda trabalhava na PGR.
O julgamento da questão de ordem que trata da validade das provas apresentadas pela J&F começou na semana passada, foi suspenso e será retomado nesta tarde.
Antes de deixar o comando do Ministério Público, Janot encaminhou ao STF um pedido de rescisão do acordo de delação premiada de Joesley e Saud.
Para uma decisão sobre a suspensão da denúncia, deverão se manifestar os 11 ministros do STF. Nenhum ministro votou por enquanto. O primeiro a votar será Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.
O plenário ouviu na quarta-feira passada os advogados de defesa de Temer e do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do Palácio do Planalto que foi flagrado pela Polícia Federal carregando uma mala com R$ 500 mil em propina pagos por Joesley.
Na primeira sessão de julgamento do caso, também foi ouvido o ex-vice-procurador-geral da República, Nicolao Dino, que representou Janot.
Na semana passada, nove ministros que participaram da sessão negaram outro pedido de Temer, para afastar o ex-procurador-geral Rodrigo Janot das investigações e anular os atos dele, Janot, no caso.
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G1