Juazeiro: Uneb diz que aluna foi agredida por PM para proteger amigos negros no Carnaval

O Departamento de Ciências Humanas (DCH) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) em Juazeiro emitiu uma nota dando mais informações sobre o caso da aluna de direito agredida por policiais militares no Carnaval do município.

Em depoimento à universidade, a aluna que não teve a identidade revelada, apontou que foi agredida ao questionar a abordagem da PM com um grupo de amigos negros.

De acordo com a declaração publicada na página do Departamento nesta tarde (30), a estudante recebeu um murro no rosto e no estômago do policial durante a abordagem na festa. A vítima também levou golpes de cassetete e foi enforcada antes de desmaiar no local.

Procurada, a PM se limitou a dizer que instaurou um Processo Disciplinar Sumário (PDS) para apurar o excesso cometido pelo policial que foi afastado das atividades operacionais. A investigação tem um prazo de 30 dias para ser concluída, podendo ser prorrogável por mais 30 dias.

Confira a nota da Uneb na íntegra:

NOTA DE REPÚDIO

A comunidade acadêmica do Departamento de Ciências Humanas (DCH) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro, vem a público denunciar a abordagem violenta sofrida por uma aluna do curso de Direito dessa Universidade realizada pela Policial Militar, no circuito do Carnaval, durante a madrugada do último domingo (28/01). Segundo depoimento da aluna, ela recebeu um murro no rosto e no estômago, usaram cassetes, a enforcaram e ela desmaiou na avenida. Tudo isso porque questionou a forma violenta da abordagem sofrida por um grupo de amigos. Ainda enfatizou que os alvos foram às pessoas negras do grupo. Uma mulher jovem, estudante brutalmente agredida pelas forças do Estado.
Em 05 de maio de 2017 a UNEB sediou uma audiência pública, promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa da Bahia e pelo Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro (Compir) sobre abordagem policial, a qual ouviu vários depoimentos referentes a abordagens violentas. O resultado foi à elaboração de um documento encaminhado a todas as forças policiais, judiciais e universidades do município solicitando revisão desses procedimentos e colocando a UNEB a disposição para formações e debates. Sugeria ainda um pacto de conduta de todos os entes supracitados. Infelizmente nenhuma das instituições promotoras do evento recebeu uma resposta sobre as denúncias e encaminhamentos desta audiência por parte dos gestores responsáveis pela segurança pública do estado.
Assim, solicitamos do comando da corporação Polícia Militar e das demais autoridades competentes a imediata apuração e responsabilização do(s) envolvido(s) e a resposta ao documento referente à Audiência Pública realizada nesta Universidade. Acreditamos que essa questão deva ter um encaminhamento compartilhado e a punição dos agressores.