Registro de Febre do Nilo Ocidental preocupa autoridades no Brasil
A doença, grave e sem prevenção por vacina, é transmitida para o homem
Um caso da Febre do Nilo Ocidental confirmado em um cavalo, no município de São Mateus, no norte do Espírito Santo, está colocando em alerta as autoridades sanitárias do País. No dia 8 de junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento expediu nota técnica confirmando a presença da doença no Brasil e recomendando que seja intensificada a vigilância para detecção de animais com sintomas.
A doença, grave e sem prevenção por vacina, é transmitida para o homem. O primeiro caso em humano foi registrado em 2014, em um vaqueiro de Aroeiras do Itaim, no interior do Piauí. Ele se curou, mas ficou com sequelas.
O comunicado informa que não há justificativa técnica para a interdição de propriedades ou eventos, como feiras e corridas, devido à doença, bem como medidas restritivas do trânsito de animais. A Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo informou ter repassado o alerta para toda equipe técnica, com a recomendação de que as informações cheguem também aos médicos veterinários particulares, responsáveis por atendimentos a casos de síndromes neurológicas em equídeos.
A confirmação da doença no Espírito Santo levou o Ministério da Saúde a recomendar “alerta para a vigilância de casos humanos e epizootias de equídeos e aves silvestres com suspeita de Febre do Nilo Ocidental” a toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme o Ministério, a doença requer atuação integrada, em uma rede organizada, de diferentes segmentos do setor da Vigilância em Saúde para a investigação e o monitoramento de possíveis casos. “Todo evento suspeito deve ser imediatamente notificado pela via mais rápida”, recomendou a pasta.
Transmitida por um mosquito, a doença é uma zoonose já registrada em países da Europa, Estados Unidos e América Central O caso do Espírito Santo foi detectado a partir da morte de cavalos na região de São Mateus, segundo o gerente de defesa animal do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf), Fabiano Fiuza. “Foram seis cavalos mortos e havia suspeita de raiva, por isso fizemos o atendimento para síndromes neurológicas, conforme o protocolo do Ministério da Agricultura. Como os exames deram negativo para raiva, mandamos as amostras para o laboratório de referência nacional e uma delas deu positivo para a febre do Nilo. Foi uma surpresa, não só para nós, mas para o País todo”, disse.
O exame confirmatório foi realizado pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará. Conforme Fiuza, em parceria com a Secretaria da Saúde, o Idaf realizou um trabalho de investigação epidemiológica nos municípios de São Matheus, Baixo Guandu, Nova Venécia e Boa Esperança. “Estamos acompanhando as propriedades, verificando novas ocorrências e realizando a vigilância em relação à mortalidade de aves silvestres.”
Aos criadores de cavalos de raça, Fiuza recomenda que os equinos de maior valor sejam recolhidos às baias a partir do entardecer, para reduzir o risco de que sejam picados pelo mosquito transmissor. “Como não há vacina, o manejo do plantel pode ajudar na prevenção”, disse.
No último dia 12, a Secretaria da Saúde reuniu médicos, enfermeiros e profissionais da saúde da região norte do Espírito Santo para discutir a doença, que é causada por um vírus. “O objetivo não foi alarmar, mas chamar a atenção da rede pública para essa nova doença que se manifesta na região”, disse a médica infectologista Theresa Cristina Cardoso da Silva, da Vigilância Epidemiológica. Segundo ela, humanos e equídeos não transmitem a doença entre si, é preciso que sejam picadas pelo mosquito transmissor.
Em pessoas, a Febre do Nilo pode se manifestar com sintomas similares aos da dengue, ou com a invasão do sistema nervoso central, causando meningite, encefalite, paralisias flácidas e Síndrome de Guillan-Barré. “É uma doença que se manifesta da mesma forma que outras enfermidades que causam alterações neurológicas, por isso pode confundir quem está na ponta atendendo o paciente”, explicou a infectologista.
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