Presa quadrilha que aplicou golpes em idosos e deu prejuízo de R$ 500 mil na Bahia

Quatro membros do bando paulista foram presos em apart hotel em Ondina

Geralmente, na entrada das agências bancárias, onde ficam os caixas eletrônicos, circulam, além dos clientes, funcionários do atendimento que fazem uso do colete “posso ajudar?”. Pois bem. A Polícia Civil faz um alerta: idosos foram vítimas de uma quadrilha que, desde junho, vinha aplicando um golpe em Salvador e que já deixou um prejuízo estimado em R$ 500 mil.

csm_quadrilha_sao_paulo_presa_ondina_apart_hotel_foto_mauro_akin_nassor_correio_ae81d85967Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Disfarçados de funcionários, integrantes se aproximavam das vítimas “oferecendo” ajuda e, rapidamente, trocavam os cartões e faziam diversos saques. Quatro deles foram presos na última sexta-feira em um apart hotel em Ondina.

“A maioria das vítimas são idosos, cerca de 95%. Os criminosos agiam juntos. Pegamos três deles, mas ainda falta muita gente, porque eles não são daqui. São de São Paulo. Por isso, não recomendo que as pessoas tirem suas dúvidas com pessoas que não estejam dentro da agência. Procurem o gerente. Ele é a pessoa mais certa para tirar as dúvidas ou indicar quem faça”, declarou a delegada Maria Selma, diretora do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), durante a apresentação dos criminosos na manhã desta segunda-feira (16), no edifício sede da Polícia Civil.

Foram presos Alexandre Cardoso Rodrigues, 25 anos, Michel do Nascimento Gonçalves e Juliana Gines de Oliveira, ambos de 29. Eles são do bairro do Bexiga, um dos mais tradicionais de São Paulo. Um deles estava com um carro de placa clonada, usado nos crimes. A polícia está à procura de uma mulher, identificada como Ana Cláudia, que, na hora do cerco, conseguiu fugir.

Todo o processo de saques nas contas das vítimas era feito numa máquina de cartões que está registrada em nome de um homem, identificado apenas pelo prenome Edson. “Acreditamos que ele seja o líder. Vamos atrás de todos. Todos os três que foram presos já respondem por estelionato em São Paulo”, disse a delegada.

Além de fazer saques, a quadrilha usava os dados das vítimas para clonar cartões e confeccionar folhas de cheque. “Só o Michel tem quatro carteiras de motorista com a foto dele, mas com nomes diferentes. Só em um dia, eles retiraram R$ 27 mil acessando a conta de uma vítima e compraram três celulares, lançamento mais recente de uma marca – cada aparelho saiu por R$ 9 mil”, contou a delegada. O trio foi autuado em flagrante por formação de quadrilha, estelionato, adulteração de veículo, furto qualificado e falsificação de documentos.

Golpe
A Polícia Civil chegou aos criminosos durante mais uma ação da Operação Tentáculos – uma ação mais ampliada da PC que visa o combate a furtos, roubos e estelionatos. “Durante a ação, chegamos ao carro e, a partir daí, descobrimos que o veículo era usado pelos criminosos e então passamos a monitorá-los. Foi quando, na sexta-feira, fomos ao hotel e efetuamos a prisão dos três”, declarou a delegada Maria Selma, diretora do DCCP.

À frente das investigações, a delegada do DCCP Glória Isabel explicou como eles agiam. O quarteto circulava nas agências bancárias de regiões de classe média, como Barra, Pituba, Iguatemi, sempre bem arrumados – alguns usando o colete “posso ajudar”, como aqueles usados por funcionários de atendimento em agências bancárias e supermercados – e crachás, mas o acessório sempre estava virado, impossibilitando a visualização da identificação.

“Juliana se aproximava do idoso e ‘oferecia’ ajuda. Ela, sem que a vítima percebesse, trocava os cartões. Dá um cartão falso à vítima que tenta acessar a conta, digitando a senha mais de uma vez sem sucesso no terminal eletrônico. O cartão verdadeiro ela passa para Michel que já estava próximo das duas e, com máquina de cartões, começa a fazer os saques depois de ter memorizado a senha da vítima. Alexandre e Ana Cláudia encostavam e tinham o papel de distrair o idoso e o acompanhante dele para que Juliana e Michel agissem”, contou a delegada Glória Isabel.

A delegada disse que recentemente uma idosa, ao saber que fora vítima de um golpe, passou mal e está internada numa unidade médica. “Ela ficou quase duas horas dentro da agência com eles tentando acessar a conta com o cartão falso. Quando soube do valor retirado, ela precisou ser socorrida para uma emergência. Ela é uma senhora com mais de 80 anos. Estamos aguardando ela ter alta para ser ouvida”, declarou Glória Isabel.

Outro caso
Mais um preso foi apresentado nesta segunda-feira (16), fruto da Operação Tentáculos. Romano Neves Rocha, 25 anos, foi preso na Rua Almirante Barroso, Rio Vermelho, no domingo (15) acusado de furtar um Ford New Fiesta de um dos profissionais que fabrica os instrumentos dos músicos do Olodum.

De acordo com a delegada Maria Selma Lima, a vítima teve o veículo levado no sábado (14) pela manhã. Ainda de acordo com a delegada, as investigações foram intensificadas para recuperar o carro no mesmo dia do furto.

“Monitoramos a placa e fizemos diligências por bairros que as imagens das câmeras mostraram por onde o carro passou. Encontramos estacionado no Rio Vermelho e esperamos o criminoso chegar para pegar o veículo”, contou.

Maria Selma disse ainda que o acusado tem mais de cinco condenações, uma delas por trocar tiros com policiais. Romano será encaminhado para audiência de custódia. O Ford New Fiesta, que não possuía seguro, foi devolvido à vítima.

Bancos investem em segurança 
Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou, em nota, que ao perceber que foi vítima de um golpe, o cliente deve, primeiramente, fazer um Boletim de Ocorrência em uma delegacia. Em seguida, deve procurar o banco para comunicar o fato.

“Cada instituição financeira tem sua própria política de ressarcimento, que é baseada em análises aprofundadas e individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas”, diz a nota.

A Febraban informou que as instituições financeiras investem R$ 2 bilhões ao ano em sistemas de tecnologia voltados à segurança da informação. Eles destacaram também parcerias firmadas com governos, polícia e o poder judiciário para desenvolver ações de inteligência para prender quadrilhas e propor novos padrões de proteção, além de campanha de conscientização para a população.

“Há um esforço grande do setor bancário em contribuir para o combate aos golpes e fraudes que usam engenharia social, que são armadilhas que os golpistas criam para obter dados, senhas e informações pessoais dos clientes, ou ainda levá-los a fazer pagamentos em benefício dos criminosos”, diz a nota.

Confira algumas recomendações dos bancos para evitar ser vítima de golpes:

1.Nunca forneça sua senha a terceiros (pessoalmente, por telefone ou por comunicadores instantâneos);

2. Antes de guardar seu cartão, sempre conferir se é o seu;

3. Ao escolher a senha, não utilizar números previsíveis (data de nascimento, número de telefone residencial, placa do automóvel, etc);

4. Comunicar imediatamente à central de atendimento do banco a perda, roubo ou extravio de cartão, pedindo o seu cancelamento;

5. Tenha sempre anotado com você o telefone de seu banco que está gravado em seu cartão em um local independente

6. Nunca aceite ou solicite ajuda de estranhos, principalmente nas salas de autoatendimento;

7. Jamais utilize celular de terceiros para se comunicar com o banco, pois a senha fica registrada na memória do aparelho;

8. Nenhum funcionário está orientado a pedir para o cliente falar ou digitar sua senha ao telefone;

9. Os bancos não enviam funcionários em sua casa ou escritório para retirar seu cartão vencido, bloqueado ou com suspeita de fraude, ou mesmo solicitar informações pessoais como senhas, ou ainda pedindo para digitar a senha em algum equipamento eletrônico. Não o faça e comunique imediatamente o banco.

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