Clubes apoiam pontos corridos mesmo se temporada acabar em 2021
Por contratos de TV, clubes da Série A não abrem mão de torneio com 38 rodadas
Divulgada em fevereiro, a tabela do Brasileirão previa o início da competição no primeiro fim de semana de maio. Essa programação já não faz mais sentido em um cenário de paralisação do futebol nacional em função da pandemia do coronavírus, mas não há dúvidas de que o regulamento será mantido, com a disputa de 38 rodadas. E o fortalecimento dessa posição tem motivação especialmente financeira.
Com perda de receita após paralisação do calendário, clubes querem assegurar dinheiro da televisão
(Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia)
Em consulta ao Estadão, os 20 clubes participantes da Série A foram unânimes para que o sistema de pontos corridos, implementado em 2003, seja mantido na temporada 2020. Mesmo em um possível cenário em que o torneio precise ser estendido começo de 2021.
A postura é a mesma adotada pela CBF. “A gente descarta completamente o mata-mata ou o modelo europeu”, garante o secretário-geral Walter Feldman.
A possibilidade de encerrar a temporada no início do próximo ano é real, uma vez que os clubes concederam férias aos elencos em abril, já que as atividades estão paradas.
“Vamos usar todos os instrumentos para terminar em dezembro. Mas quando a gente estende as férias, significa que talvez tenhamos de jogar depois do réveillon, se for necessário, para acomodar as datas. Com aval, você pode reduzir o tempo porque os elencos não são só de 11 jogadores”, acrescenta Feldman.
Mas, além da parte esportiva, a manutenção do Brasileirão em pontos corridos está ligado ao lado financeiro.
Em um cenário de perda de receitas com bilheterias, patrocinadores e programas de sócio-torcedor, cresce em importância o valor a ser auferido com o contrato pelos direitos de transmissão. Reduzir o Brasileirão a menos do que as 38 rodadas previstas significaria renegociação e diminuição dos ganhos com um acordo que sempre foi importante para as finanças dos clubes e agora se torna ainda mais fundamental.
“É importantíssimo que tenhamos o dinheiro da televisão. E ela já sinalizou que pode fazer uma redução proporcional do valor a ser pago caso o campeonato não seja disputado em 38 rodadas”, afirma Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG.
Através da assessoria de comunicação, o Bahia informou ao CORREIO que é favorável a continuação do Campeonato Brasileiro no formato em que ele vem sendo disputado nos últimos anos.
Assim como todos os outros clubes do país, o Tricolor tem adotado medidas para reduzir os impactos financeiros da crise da covid-19. A estimativa da diretoria é de que no pior dos cenários, o Bahia perca até R$ 60 milhões em receitas em 2020.
Reajuste
O problema é que para o Brasileirão ser reajustado ao calendário, outras mudanças serão necessárias. Quando o futebol nacional parou, os campeonatos estaduais e regionais, caso da Copa do Nordeste e Baianão, ainda estavam em disputa, assim como a Copa do Brasil, a Copa Libertadores e a Sul-Americana.
A posição majoritária entre os clubes é de que os estaduais sejam finalizados dentro de campo, ainda que com alguns pequenos ajustes em seu regulamento. Assim, com pretensão de não reduzir drasticamente os jogos, uma tendência pode ser espremê-los no calendário, diante do tempo perdido das últimas semanas.
Há, porém, limitações para isso, como a determinação que exige um espaçamento de 66 horas entre uma partida e outra. Os clubes que aceitam a redução desse prazo ressaltam que isso só será possível com a anuência de autoridades médicas e dos próprios jogadores.
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