Coronavírus: dos 51 municípios da Bahia com casos do novo coronavírus, 66,6% não possuem leitos de Tratamento Intensivo (UTI)
Quantos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo estão disponíveis na rede pública e privada de Juazeiro e Petrolina, caso seja necessário usar nos próximos meses, com a internação de pessoas com diagnóstico de coranavírus?
Em Petrolina, segundo a assessoria de imprensa, houve uma ampliação “grande” no número de leitos, e existe um planejamento para ampliar. Atualmente são 21 leitos no Hospital Universitário, sendo 13 gerais e 8 para o Covid 19. No Hospital Dom Malan são 20 leitos, sendo 10 UTIs adulto, 04 pediátricos e 06 neonatal. A rede privada conta com 51 leitos de UTI.
Até o momento a Prefeitura de Juazeiro não respondeu ao questionamento.
Relatório técnico publicado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e outros especialistas brasileiros, reconhece que o novo coronavírus se espalha de forma rápida no Brasil e prevê a circulação do micro-organismo até meados de setembro, com aumento expressivo dos casos de Covid-19 em abril e maio.
Intitulado COVID-19 in Brazil: advantages of a socialized unified health system and preparation to contain cases, o relatório foi publicado na última terça-feira (7) na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e tem como primeiro autor Julio Croda, especialista da Fundação Oswaldo Cruz e da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
“Embora o Brasil esteja tentando implementar medidas para reduzir o número de casos, focado principalmente em isolamento social, uma elevação de casos de Covid-19 é esperado nos próximos meses. Muitos modelos matemáticos mostraram que o vírus tem potencial para circular até meados de setembro, com um importante pico de casos em abril e maio”, escrevem Mandetta e demais autores.
A principal causa para que esse pico ocorra é a chegada do outono, iniciado oficialmente no último dia 20. “Durante o outono e o inverno, a incidência de doenças respiratórias cresce (resfriado, gripe, ataques de asma, sinusite, pneumonia e bronquite), e, atualmente, a Covid-19 deveria ser adicionada a essa lista. O ar mais seco e temperaturas mais baixas podem levar a um aumento no risco de transmissão de coronavírus e no número de casos de Covid-19”, ressaltam no relatório.
O Bahia Notícias em reportagem de Jade Coelho, Matheus Caldas, Mari Lea informou que dos 51 municípios da Bahia com casos do novo coronavírus, 66,6% não possuem leitos de Tratamento Intensivo (UTI), na rede pública ou privada. Isso significa que a maioria não tem estrutura para atendimento de pacientes graves da Covid-19, em que são necessárias UTIs com equipamentos de respiração mecânica.
Apenas 17 municípios concentram 2.532 UTIs, segundo dados atualizados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes-Datasus), incluindo UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) e privadas, adultos, pediátricas e neonatais. Este número corresponde a 91,6% dos 2.763 leitos deste tipo registrados no sistema de saúde baiano.
Quase 68% dos leitos de UTI de todo o estado estão concentrados na capital baiana, uma vez que Salvador dispõe de 1.872 vagas. A segunda maior cidade do estado, Feira de Santana, ocupa a mesma colocação em número de leitos, mas acumula apenas 133. O número equivale a aproximadamente 4% do total do estado. Em todo o país são cerca de 47 mil leitos de UTI.
As cidades baianas sem UTI terão que encaminhar seus pacientes graves a hospitais de referência.
Das 16 mortes registradas na Bahia duas foram registradas em cidades do interior do estado sem leitos de terapia intensiva. Em Utinga, na Chapada Diamantina, a vítima foi um homem de 80 anos com doença cardíaca preexistente. A cidade fica a 286 km da UTI mais próxima, em Feira de Santana. O caso do município de Adustina, no semiárido nordeste II, foi de um jovem de 26 anos. A cidade com UTI mais próxima também é Feira de Santana, que fica a 263 km de distância.
Até a última atualização disponível no Ministério da Saúde, apenas Salvador (553), Feira de Santana (10), Vitória da Conquista (10), Ilhéus (14), Alagoinhas (12) e Barreiras (5) já têm algum tipo de suporte reservado para pacientes diagnosticados com Covid-19. A capital (87) e Barreiras (1) com leitos pediátricos exclusivos para a doença causada pelo novo coronavírus.
O número, no entanto, é bem abaixo da perspectiva adotada por autoridades públicas, que sugerem que cerca de 20% das pessoas acometidas pela doença precisarão de suporte mecânico de respiração.
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Redação redeGN / Foto Ilustrativa