Ministro diz que plano para relaxamento de medidas de isolamento será divulgado em uma semana
País tem hoje 45.757 casos confirmados da doença e 2.906 mortes.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse nesta quarta-feira que vai apresentar um plano para o relaxamento das medidas de distanciamento social no país dentro de uma semana. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem hoje 45.757 casos confirmados da doença e 2.906 mortes.
O novo ministro da Saúde, Nelson Teich Foto: Jorge William / Agência O Globo
– A gente hoje já tem uma matriz pronta. Daqui uma semana a gente entrega uma diretriz completa, depois dos ajustes – afirmou o ministro em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Segundo o ministro, essa “diretriz” será customizada para atender as diferentes partes do país.
– O Brasil é gigante e heterogêneo, não tem como diretriz não ser customizada para as diferentes partes do país, para os diferentes estados e regiões, você vai computar quais os números de casos novos, com os anteriores, qual a estrutura de leitos, quantos estão ocupados, como está sua parte de recursos humanos, como tem que se planejar – disse.
Teich afirmou que o país não poderá ficar até “um ano e meio parado” e que o país precisa de um programa de “saída” para as medidas de isolamento social implementadas em resposta ao novo coronavírus.
– É impossível um país sobreviver um ano, um ano e meio parado. O afastamento é uma medida absolutamente natural e lógica, mas não pode não estar acompanhado de um programa de saída. É isso que a gente vai trabalhar – explicou.
Testes
Questionado sobre os testes aplicados à população como forma de orientar medidas de relaxamento, Teich destacou que todos os atos deverão ser reavaliados com possibilidade de recuo, de acordo com as consequências, por causa do desconhecimento em relação à Covid-19.
– A gente tem que lembrar que temos testes para diagnóstico e para ver para quem está imune ou não. Esses testes têm suas limitações. O que é importante agora é que a gente desenhe a forma ideal de distribuir os testes. Mas dentro do modelo que coloquei para vocês, obviamente o monitoramento contínuo, você vai ter indicadores que te dizem o seguinte: volta – disse o ministro, acrescentando:
– Quando você conhece pouco alguma coisa (referindo-se à doença), realmente não consegue prever o que acontecerá. Então tem que ser rápido o bastante para fazer um diagnóstico e tomar uma atitude. Então uma das coisas que teremos dentro dessa diretriz é: se acontecer isso aqui, recua. Infelizmente quando você não domina o assunto, tem que testar. E sua capacidade é de testar e agir. Testar, diagnosticar precocemente a consequência do seu ato, e rever o que tem a fazer.
Teich, que vem falando desde que foi anunciado como ministro da importância de ampliar a testagem, ressaltou, mais de uma vez na coletiva, que não haverá exames para toda a maior parte da população.
– Não tem teste em massa. Se imaginar a Coreia do Sul, que é referência, fizeram 11 mil testes por milhão de pessoas, isso não é teste em massa. O que você tem que fazer é mapear a população de tal forma, isso já está acontecendo (no Brasil), para que (o resultado dos testes) reflita a população – afirmou o ministro.
– A Itália fez 25 mil testes por milhão, mais do dobro da Coreia do Sul, e foi aquele desastre. S, e foi aquele desastre. Mais do qualquer coisa, a sabedoria de ter o dado e interpretar o dado, e tomar ações a partir disso, fará toda a diferença.
Teich criticou ainda números do Imperial College de Londres, instituição que vem fazendo projeções matemáticas do crescimento da pandemia em vários países de acordo com ações em andamento. Segundo ele, a variação mapeada, de 1,150 milhões de mortes no pior cenário para 44 mil mortes se tomadas determinadas medidas, é “impossível”.
– Isso é impossível. Não tem uma medida que caia de 1,150 milhão para 44 mil. Esse modelos têm que ser mais ou menos padronizados. Não que não seja metodologicamente correto, mas ele depende das premissas que você coloca nele. Se você bota número errado, o resultado pode sair completamente desbaratado.
– E o que é pior: se você gera números muito alarmantes, e as pessoas começam a tratar o que é um modelo, só um exercício matemático como se fosse verdade, piora ainda mais o medo e a expectativa da sociedade – completou Teich.
O ministro afirmou ainda que, desde que chegou à pasta, na sexta-feira, “ou um pouquinho antes”, foram distribuídos respiradores para Ceará, Amazonas, Pernambuco e Rio de Janeiro. Ele não deu detalhes do quantitativo para cada local nem se os equipamentos já chegaram ao destino.
Teich ressaltou, em sua fala, que apesar da “situação difícil e complexa”, o Brasil “é um dos países que melhor performa em relação à Covid”, citando que a taxa é de 8,17 mortos por milhão de habitantes. A Espanha tem 8,17; a Itália, 135; Espanha, 255. Ele também mencionou que há 24.300 curados da doença no país, entre os mais de 40 mil casos confirmados, além dos mortos.
– Nossos números são melhores. Qual o problema da Covid? Ela assusta porque acomete muito rápido o sistema, que não é feito para ter ociosidade. Saúde é muito caro, então os hospitais trabalham quase que no limite. Quando você tem algo que sobrecarrega o sistema, é quase impossível que se adapte na velocidade necessária.
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O Globo