Usuários internados em UTI Covid-19 sofrem com falta de medicamentos em Juazeiro

Covid-696x418Foto: Ilustrativa/Silvio Ávila/AFP

Já reverbera na região a crise de falta de medicamentos para usuários de UTI Covid-19. Em contato com o Blog, uma família de Juazeiro relatou a situação em que um dos seus integrantes está passando durante período de internação no Hospital Promatre, na cidade baiana. Israel Sampaio, filho do paciente Ednilson Sampaio, contou que seu pai está internado desde o dia 9 de março na Unidade de Tratamento Intensivo da Bahia para pacientes com Covid-19 e, intubado desde o sábado (13) e precisou de um bloqueador neuromuscular, mas a unidade de saúde não tem. E o pior: não tem onde comprar.

Meu pai, logo que chegou à UPA de Juazeiro, foi bem atendido e encaminhado para o hospital de campanha. De lá o médico pediu logo a vaga para UTI e conseguiu na Promatre, sendo transferido de tarde”, disse.

“Até o dia 18, ele estava recebendo toda a assistência necessária, porém na sexta-feira, dia 19, meu pai precisou fazer uma técnica chamada pronação, onde o paciente fica de barriga para baixo, que melhora a oxigenação e captação do oxigênio pelos alvéolos do pulmão. Mas ele não pode fazer essa terapia por estar tendo espasmos involuntários dos órgãos internos, e isso estava atrapalhando a ventilação mecânica e não dava sustentação para fazer a pronação”, pontuou.

Para impedir que os espasmos aconteçam é necessário usar uma droga, um bloqueador neuromuscular, como por exemplo Atracúrio, Rocurônio, Cisatracúrio ou pancurônio. Mas na Promatre não tem. A nossa família se mobilizou para ir atrás de um lugar que vende, procuramos em vários laboratórios, distribuidores do Brasil e não achamos. Essa droga não tem para vender no Brasil, porque não tem em estoque”, lamentou Israel.

A gente lamenta, porque a vida das pessoas não pode ser tratada assim. Estamos em pandemia, com altos números de casos e internação em UTI e ainda deixam faltar uma medicação tão importante quanto essa? O que mais as autoridades vão esperar para mudar essa situação? Não estou aqui só por meu pai, mas por todos os outros pacientes que vão precisar dessa medicação e não vão ter”, questionou.

Falta de Agilidade

Israel também questionou a falta de agilidade na fabricação do medicamento. “O que está faltando para que essas medicações cheguem aos hospitais? Qual estrutura está sendo negada? Falta algum fomento do governo? Ou é puro desinteresse? Existem poucos fabricantes? Nada justifica essa carência. Já estamos em pandemia há mais de um ano e estamos sofrendo com falta de remédio? O que é que impede a fabricação da droga? Estas são as minhas indignações”, finalizou. O Blog deixa o espaço reservado à Promatre sobre o assunto. (texto: Eudes Sampaio)

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Carlos Britto