Média de casos de Covid cai e indica início do recuo da variante Ômicron no Brasil

Queda na média de infecções também começa a impactar o número de mortes pela doença, cujo índice está estável há dois dias, após mais de um mês de alta 

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Brasil vem registrando nos últimos dias uma queda acentuada no número de casos de Covid-19, a exemplo do que foi visto em outros países, indicando que o tsunami provocado pela variante Ômicron começou seu declínio.

No dia 6 de fevereiro, a média móvel de casos entrou em estabilidade, com 169.301 casos diários. O pico havia sido poucos dias antes, em 31 de janeiro, com 188.451 registros. Foram quatro dias estáveis e a queda nessa média começou.

É uma característica desta onda já observada em outros lugares: quase não há período de platô, a curva é aguda e, muito rapidamente, os números começam a cair. A professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, que tem pós-doutorado em epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins, explica que isso acontece em razão da alta transmissibilidade do vírus, que rapidamente alcança um enorme número de pessoas.

Nessa sexta (18), após nove dias de recuo, a média de casos caiu para 110 mil, a menor desde 20 de janeiro, mas muito, muito mais alta do que o pico no número de registros na onda da variante Gama, em março e abril do ano passado, quando o índice máximo foi de 77.128 em 27 de março.

A taxa de variação mostra o ritmo dessa curva. Em 15 de janeiro, por exemplo, quando o número de casos explodia no Brasil, o aumento era de 792% em relação a 14 dias antes. O resultado seria visto 16 dias depois, com o pico na média de casos. Atualmente, a variação observada é de 37% negativos.

Para Ethel Maciel, a curva brasileira segue dentro do previsto para a nova cepa. “O movimento é muito semelhante ao dos outros países: subida rápida em 20 a 45 dias e o mesmo tempo para descer”, afirma.

O percurso se assemelha ao de nações como a África do Sul (onde a Ômicron foi identificada inicialmente) e o Reino Unido, sempre com crescimento muito rápido e queda vertiginosa.

A epidemiologista alerta, porém, que há preocupação entre os profissionais de saúde com o impacto do carnaval. “O problema é que temos o carnaval aí no meio. Apesar de não haver as festas oficiais, a gente sabe que as pessoas vão se movimentar, viajar. Por isso, quem for participar de festa deve procurar locais abertos, em que o passaporte de vacinação é exigido, e evitar aglomerações. Quem for pegar avião, deve usar máscara mais filtrante, como a PFF2. Ter esses cuidados ainda é importante, especialmente nesse período de carnaval que pode fazer com que nossa queda de casos seja mais arrastada”, adverte.

A queda na média de casos começa a dar os primeiros sinais de efeito sobre o número de mortes pela Covid. Ontem, pelo segundo dia após alta desde 12 de janeiro, a tendência era de estabilidade em relação a 14 dias atrás.

Segundo Ethel Maciel, em geral a defasagem entre o pico de casos e de mortes é de duas a três semanas:
“Ainda vamos ter o pico de óbitos nesta semana ou na outra e aí vamos começar a descer”, calcula.

Na sexta (18), a média móvel de mortes era de 840, 12% maior que o cálculo de duas semanas atrás. “lembrando que entre variações entre 16% e +16% são consideradas estabilidade. É uma desaceleração frente ao fim de janeiro, com seus 243% de alta”.

Os patamares, no entanto, seguem muito elevados. O Brasil não tinha mais de 800 mortes diárias desde agosto do ano passado. A atenção se volta, principalmente, às crianças, o grupo que teve acesso à vacinação mais tardiamente e, por isso, é mais vulnerável ao agravamento da doença.

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Folhape.com.br