Pesquisa inédita da Univasf revela mutação genética relacionada a maior risco de morte por Covid-19 em idosos
Uma mutação genética na proteína envolvida no processo de entrada do vírus causador da Covid-19 nas células está relacionada ao aumento do risco de morte em pacientes de idade mais avançada.
Esta é a constatação de um estudo inédito realizado pelo Grupo de Pesquisa em Doenças Infecciosas e Negligenciadas (GPDIN) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
O trabalho é resultado da dissertação de mestrado da estudante Clara Caldeira, realizada sob a orientação do professor Rodrigo Feliciano do Carmo, no Programa de Pós-Graduação em Biociências (PPGB) da Univasf. A pesquisa foi publicada recentemente pela revista Viruses no artigo intitulado “A Polymorphism in the TMPRSS2 Gene Increases the Risk of Death in Older Patients Hospitalized with COVID-19” (Polimorfismo no gene TMPRSS2 aumenta risco de morte em pacientes idosos hospitalizados com Covid-19).
Os pesquisadores demonstraram nesse estudo, pela primeira vez, que pacientes com idade avançada que carregam o genótipo rs2070788 GG, associado à alta expressão da proteína TMPRSS2 em tecido pulmonar, tinham risco maior de morte por Covid-19. A pesquisa analisou 402 pacientes da região de Petrolina, com idade a partir de 18 anos, hospitalizados na UTI do HU-Univasf e no Hospital de Campanha Monte Carmelo, da prefeitura de Petrolina, entre agosto de 2020 e julho de 2021, período em que a variante Gama estava em circulação no Brasil. Todos foram acompanhados pelos pesquisadores desde o início dos sintomas até a alta ou o óbito, o que ocorreu com 61 (15%) deles.
Do total de pacientes, 175 tinham idade a partir de 55 anos. Destes, 136 sobreviveram à doença e 39 foram a óbito. Nesses pacientes que não resistiram os pesquisadores encontraram com maior frequência a mutação rs2070788 GG, associada a uma maior expressão da proteína TMPRSS2, que poderia facilitar a entrada do SARS-CoV-2 na célula hospedeira. Também foi identificada a presença de comorbidades associadas ao aumento do risco de morte nos indivíduos com a mutação.
A descoberta, que também contou com a colaboração de pesquisadores do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), possibilita novas frentes de pesquisa na área a serem desenvolvidas a partir de agora, expandindo a população estudada, incluindo pacientes com outros perfis, entre outros aspectos.