Quadrilha do falso consórcio já fez 200 vítimas na Bahia
Sete suspeitos foram identificados, mas conseguiram escapar da polícia
Bandidos tinham vida de luxo (Foto: divulgação)
A quadrilha que está aplicando golpes do consórcio na Bahia já fez cerca de 200 vítimas no estado. O grupo atua desde 2019, e sete bandidos foram identificados, são quatro homens e três mulheres. Nesta terça-feira (23), a polícia cumpriu 24 mandados de busca e apreensão, 19 bloqueios de bens de pessoas físicas e empresas, e tentou cumprir os sete mandados de prisão, mas os criminosos não foram localizados.
Todos os suspeitos são baianos e têm passagens por estelionato. Um deles mora em Sussuarana, outro na Paralela, e um terceiro no bairro de Caji, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Os outros quatro estavam vivendo nos estados de São Paulo (2) e Tocantins (2). A polícia baiana acredita que o grupo pode estar desenvolvendo ramificações também nesses locais.
A Operação Falso Consórcio foi deflagrada pelo Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP). No início da manhã, cerca de 80 policiais estiveram nos endereços dos suspeitos e nas empresas de fachada que eles criaram. Foram apreendidos documentos, computadores, celulares e outros equipamentos. O diretor do DCCP, Glauber Uchiyama, acredita que o material pode ajudar a identificar outros membros da quadrilha.
“A primeira fase foi deflagrada em agosto de 2022. A partir dos bens arrecadados demos continuidade a investigação e conseguimos identificar sete indivíduos envolvidos e também empresas jurídicas. Hoje, tivemos a segunda fase. A partir da coleta desses novos documentos podemos chegar a mais integrantes do grupo criminoso”, explicou.
Em São Paulo, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, e havia dois de prisão, mas os suspeitos não foram localizados. No Rio de Janeiro, foram quatro mandados de busca e apreensão. Em Tocantins, foram dois de busca e apreensão e dois de prisão, mas os bandidos também não foram localizados. E em Salvador, foram dois de busca e apreensão e três de prisão.
Houve o bloqueio de bens de 16 pessoas físicas e de três pessoas jurídicas, a maioria das empresas é de São Paulo e ligada ao ramo de consórcios e financiamentos. A polícia ainda está calculando quando em dinheiro o grupo criminoso conseguiu movimentar, mas o delegado contou que os bandidos estão aplicando os golpes há pelo menos quatro anos.
A maioria das vítimas são pessoas simples e com pouca instrução. A quadrilha agia assim: primeiro, eles divulgavam em plataformas on-line anúncios de bens móveis e imóveis disponíveis para a venda, sempre com valores muito abaixo do preço médio de mercado para atrair as vítimas.
Depois, convidavam a vítima para ir até a sede da empresa, geralmente funcionando em salas alugadas de prédios de luxo. Em seguida, convenciam a vítima a fazer o pagamento da entrada para garantir o bem móvel ou imóvel que ela queria comprar. A pessoa voltava para casa e esperava o prazo para receber o bem, o que nunca acontecia. E quando a vítima procurava a empresa para reclamar, ela já tinha mudado de endereço.
O material apreendido nesta terça-feira será analisado, e depois a polícia vai decidir se oferece denúncia à justiça ou se executa uma terceira fase da investigação para tentar prender os criminosos e outros comparsas. O diretor do DCCP, Glauber Uchiyama, fez um alerta.
“A orientação é ficar sempre atento a esses anúncios de bens de valores inferiores ao que valem no mercado, e atentar também para a idoneidade das empresas que estão realizando esse tipo de negócio. Checar a procedência dela no site do Banco Central, se há autorização legal para funcionar, não assinar documentação sem checar os detalhes, e desconfiar de prazos de entrega fora do comum. É importante também denunciar, procurar a delegacia e registrar os casos”, afirmou.
A operação teve apoio do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), do Ministério Público da Bahia. As solicitações de mandados foram apreciadas pela Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA).
.