A face do agronegócio que quase ninguém vê: a devastação
A Eco Nordeste esteve na porção maranhense do Matopiba para conhecer de perto os impactos socioambientais causados pelo agronegócio. A reportagem a seguir expõe as pressões exercidas pelas fazendas produtoras de commodities, a partir da perspectiva de lideranças, famílias e comunidades ameaçadas.
Denominado com as sílabas iniciais dos quatro estados que abrange – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o Matopiba inclui 337 municípios e é apontado desde os anos 1980 como um celeiro mundial de commodities. Sobre a vegetação nativa e populações tradicionais desses três Estados do Nordeste e um do Norte avançam plantações de soja, milho e algodão.
O Matopiba tem 73 milhões de hectares em três biomas: Cerrado ( 66,5 milhões de hectares, o equivalente a 91% da área), Amazônia (5,3 milhões de hectares correspondentes a 7,3%) e Caatinga (1,2 milhão de hectares que ocupam 1,7%). Sendo reconhecida como área de franca expansão agropecuária pelo Governo Federal desde 2015, o Matopiba é uma porteira aberta para a devastação da Amazônia.
A reportagem é de Alice Sales. Confira na integra Aqui.
Chegar ao sul do Maranhão pela Rodovia Transamazônica traz aos olhos uma paisagem composta pelo bioma Cerrado em predominância, mas que se une também ao bioma Caatinga e ao amazônico. Pelo caminho, rumo à porção maranhense do Matopiba, atravessamos a Chapada das Mesas e contemplamos ao longe o Morro do Chapéu, um dos principais cartões-postais da região, conhecida como o Portal da Amazônia. Tucanos, papagaios e outras aves sobrevoaram a estrada e anunciaram que a natureza do lugar é de uma beleza diversa e singular.
À medida em que nos aproximamos do município de Balsas, a beleza cênica das florestas que margeiam a rodovia perde espaço para a monocultura, ou seja, grande áreas plantadas com uma só espécie. A cidade, que é sede da Região Gerais de Balsas, é também sede do Matopiba no Maranhão. O lugar, banhado pelo Rio Balsas, respira o agronegócio. Uma parte significativa dos estabelecimentos comerciais da cidade são de serviços relacionados à agricultura. Não à toa, Balsas é um dos municípios mais ricos do Agronegócio, tanto que em 2020 movimentou R$ 1.698.528 em produção e um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 3.495.336.
Apesar do desenvolvimento aparente trazido pela produção de commodities na região, é na zona rural, em comunidades isoladas por longas estradas de terras, que a devastação causada pelo agronegócio vai deixando suas máculas e quase ninguém vê. Silenciosamente marca a vida de pessoas mais vulneráveis.
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Agencia Eco Nordeste