Saiba como as escolas estão se preparando para o Novo Ensino Médio
Aumento na carga horária obrigatória e inclusão de disciplinas básicas são mudanças que devem valer a partir de 2025
Sala de aula Crédito: Shutterstock
A partir de 2025, as escolas de todo o Brasil deverão colocar em prática as mudanças no projeto de lei do Novo Ensino Médio. Isso porque, após ser alterada sucessivas vezes, o projeto foi sancionado no dia 1º de agosto e promoveu algumas novidades, dentre elas o aumento da carga horária obrigatória, o estabelecimento de restrições ao ensino à distância (EAD) e inclusão de mais disciplinas obrigatórias.
Com a necessidade iminente de adaptação, as instituições de ensino já estão começando a se movimentar com intuito de criar o planejamento do próximo ano letivo, mas com cautela. De acordo com Wilson Abdon, diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe-BA), o cenário é instável e não requer ações imediatas.
“Não tem nada aprovado, organizado ou orientado. Então, aqui, as escolas continuam fazendo o que está válido na lei até hoje. […] Por enquanto, até termos tudo definido, e termos uma rodada de conversas com o Conselho Estadual, com o Ministério da Educação e entender como de fato as coisas vão ficar, as escolas vão, provavelmente, segurar um pouquinho [a mudança] e continuar com seu projeto para ter uma segurança e não ficar fazendo mudanças aleatórias sem ter clareza do que vai ser cobrado dos alunos e do que vai ser feito com a educação do nosso país”, ressaltou.
Na Land School, instituição de ensino situada no bairro da Federação, a preparação para a implementação do novo modelo de Ensino Médio já está sendo estudada. “A Land School Federação pretende implementar as orientações do novo modelo de ensino médio, por meio de um plano estratégico, que inclui a capacitação contínua dos professores e a atualização do currículo. Em comparação com a abordagem anterior, haverá um enfoque maior no desenvolvimento de competências e de habilidades”, declarou Graciela Coracini, diretora da Land School Federação.
A escola ainda anunciou que serão feitos investimentos na formação específica dos docentes e na atualização contínua do currículo. “Trabalharemos em estreita colaboração com a comunidade escolar para assegurar que as mudanças sejam implementadas de forma a atender às necessidades dos alunos, com auxílio, por exemplo, do contínuo incentivo ao desenvolvimento de habilidades práticas e atividades extracurriculares, que estejam alinhadas com as expectativas da sociedade e do mercado de trabalho”, ressaltou Graciela.
Nas escolas da Rede Sesi, as mudanças foram vistas com bons olhos pela superintendente de Educação e Cultura do Sesi, Clessia Lobo, que garantiu que as mudanças já estão sendo analisadas. “Com a reforma atual sendo aprovada após a sanção, o Sesi vai fazer a adequação necessária na ampliação da carga horária da formação básica. É a principal mudança”, afirmou.
“Como o Sesi já vinha preparando as escolas e o Ensino Médio na direção da reforma, que agora está praticamente aprovada, teremos poucas adequações. […] Nós vamos manter a formação continuada dos professores para que, de fato, eles estejam cada vez mais preparados para os desafios do Ensino Médio e para as demandas dos nossos jovens e adolescentes”, completou.
Nos institutos federais da Bahia (Ifba), o texto do projeto de lei ainda será discutido, embora as primeiras análises apontem para a desaprovação total das alterações que deverão entrar em vigor no próximo ano. “Há uma preocupação muito grande na rede de educação profissional e tecnológica porque o projeto de lei atinge não apenas o Ensino Médio regular, mas toda a rede profissional. O nosso Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Consepe) vai se debruçar agora sobre o conteúdo do projeto para que nós possamos orientar nossos campis sobre como vamos tentar atuar”, disse Jancarlos Lapa, pró-reitor de Ensino do Ifba.
Segundo ele, o principal impasse é a redução da carga horária do ensino técnico. “Uma questão muito forte é reduzir um currículo integrado, que tem uma carga horária grande, para uma carga horária prevista de 3 mil horas. Fazer o currículo integrado nessas condições é muito difícil, porque tem uma quantidade de conteúdo muito grande para um período tão curto”, pontuou.
“Isso vai implicar também uma sobrecarga de disciplinas para os estudantes do Ensino Médio. Colocar tanta coisa em pouco tempo pode implicar no uso do contraturno e isso implica em assistência estudantil, o que reflete nos custos orçamentários”, examinou.
A preocupação do pró-reitor se dá porque, atualmente, as escolas integradas contam com 1,8 mil hora de disciplinas obrigatórias e 1,2 mil hora de formação técnica. A partir do ano que vem, elas terão 2,1 mil horas de disciplinas obrigatórias, com mais 300 horas podendo ser destinadas a conteúdos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) relacionados à formação técnica. Disciplinas do curso técnico deverão somar 900 horas, de modo que, ao total, a formação técnica pode chegar até 1,2 mil.
A Secretaria de Educação do Estado da Bahia foi procurada para informar sobre os planos de adaptação das escolas da rede estadual de ensino ao novo Ensino Médio, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro
.