Enem tem 1,9 milhão de vagas na área tecnológica com curta duração
Na Bahia, 846 cursos, com até dois anos de duração, oferecem vagas
Com a crise econômica e o desemprego, muitas pessoas têm buscado mudar de área ou se especializar profissionalmente. Uma opção mais rápida são os cursos de graduação tecnológica cujo ingresso pode ser feito com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Foto: Mauro Akin Nassor (O estudante João Sales Ramos cursa Gestão Comercial)
Além do diploma de curso superior, os tecnólogos também podem concorrer a vagas de trainee e prestar concursos. De acordo com dados do Ministério da Educação (MEC), na Bahia, são ofertadas anualmente 1.958.394 vagas em 846 cursos de graduação tecnológica. A formação também pode ser feita a distância: a maior parte das vagas, cerca de 98% do total, é ofertada por 347 cursos na modalidade EaD (Educação a Distância).
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De acordo com o MEC, os cursos tecnológicos são “cursos superiores de formação especializada, caracterizados por eixos tecnológicos”. Eles são de curta duração, e o profissional que se gradua adquire o grau superior de tecnólogo.
Em geral, os cursos de graduação tecnológica duram de dois a três anos, enquanto um curso de bacharelado ou licenciatura dura de quatro a cinco anos. Além de serem mais curtos, a grade curricular é voltada para a prática profissional, através de aperfeiçoamento das qualificações técnicas e acadêmicas do estudante.
“As maiores vantagens dessa modalidade é que o aluno consegue um diploma de curso superior em menor tempo e com grande possibilidade de atuação no mercado”, diz Natanael Moura, coordenador do curso tecnológico de Gastronomia da FTC.
João Sales Ramos, 22 anos, é aluno do terceiro semestre do curso em Gestão Comercial. Ele optou pela graduação tecnológica devido ao perfil voltado para a tecnologia e inovação, pela grade de disciplinas e pelo prazo mais curto de formação. “Acho que o profissional se torna apto para o mercado mais rapidamente, diferente de um curso de bacharelado”, disse ele.
Prática
Essa é a segunda formação superior de João. “Sou bacharel em Administração. O curso de Gestão Comercial é mais prático, ele fornece uma visão mais técnica para negociação e para execução, percepção e resolução de problemas. Aqui, diferente do bacharelado, eu adquiro um perfil mais analítico e menos teórico”, ele compara.
O diretor das Escolas de Negócios, Direito e Hospitalidade / Comunicação, Design e Educação da Unifacs, Christian Tirelli, confirma que o curso é mais prático do que teórico. Segundo ele, o mercado para tecnólogos da área de negócios não foi afetado pela crise, mas o número de vagas para tecnólogos em saúde e tecnologia da informação (TI) foi reduzido.
Colega de João Ramos, Hugo Gonçalves, 35, optou pela graduação tecnológica para poder se reinserir no mercado e também para aprender a gerir sua própria empresa. “Eu trabalhei 15 anos na área de publicidade, mas o mercado não quer pagar o equivalente a minha qualificação e experiência, então, resolvi investir no meu negócio. Estou também aberto para vagas de emprego na área em que estudo atualmente”.
Há ainda os profissionais que fazem o caminho oposto. Gessé Oliveira, 25, resolveu fazer um curso de bacharelado após se graduar tecnólogo. “Eu fiz o curso superior em tecnologia inspirado em meu irmão, que é graduado em inspeção de equipamentos e soldagem. Mas acho que o mercado é melhor para engenheiro que para os tecnólogos da área, porque muitas empresas ainda enxergam o tecnólogo como técnico”, ele opina.
“Hoje, atuo como engenheiro e acho que para minha profissão foi bem melhor eu ter essas duas graduações”, diz o hoje tecnólogo em mecatrônica e engenheiro de controle e automação.
Emprego
Com a graduação tecnológica, o aluno pode ser empregado mesmo durante o curso. “Em algumas áreas, como negócios, o aluno pode adquirir certificação intermediária após dois ou três semestres de curso. Isso permite assumir uma função no mercado de trabalho como analista ou assistente, por exemplo, mesmo antes de se graduar”, explica Christian Tirelli, da Unifacs.
Outra vantagem desse tipo de formação é a mensalidade mais barata em relação às mensalidades dos cursos de bacharelado e licenciatura.
Segundo dados da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), as mensalidades dos cursos superiores tecnológicos nas instituições particulares baianas variam de R$ 302,88 a R$ 1.119,26. Os valores são mais em conta para os cursos EAD: variam de R$ 159 a R$ 586, enquanto a maioria dos cursos presenciais tem mensalidades custando entre R$ 302,88 e R$ 1.119,26.
A mensalidade mais cara entre as graduações tecnológicas é a do curso de Pilotagem Profissional de Aviões, que custa R$ 3.088,45. A média de mensalidades é mais barata nos cursos da área de negócios (R$ 299,92 para graduação EaD) e mais cara para as áreas de hospitalidade e turismo (R$ 586,90 para graduação EaD) e saúde (R$ 817,26 para graduação presencial). Os cursos gratuitos são oferecidos na Bahia pelo Instituto Federal da Bahia (Ifba), Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).
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