Eudes Benício: “Campo Formoso tem parte no golpe”

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“Campo Formoso tem parte no golpe”

O Brasil, ou parte dele, assistiu perplexo a um show de horrores na Câmara dos Deputados. A votação do prosseguimento do processo de impeachment da presidenta Dilma foi uma verdadeira surra de cipó em nossas consciências. Que aberrações são aquelas que NÓS elegemos, que nos representam e que são, sim, um reflexo da sociedade brasileira?

Aqueles deputados dos quais chegamos a sentir repúdio e que transformaram um julgamento sério em um show de horrores e de auto promoção são os que nossos votos ofereceram para o Brasil. A vergonha foi compartilhada por milhões, independente de aprovarem ou não o atual governo do país. O retrocesso, o fundamentalismo religioso, a hipocrisia, o machismo, a intolerância e o terror da ditadura tiveram representantes legítimos aos gritos no microfone agredido centenas de vezes.

Coube ao deputado federal Elmar Nascimento (DEM), “campoformosense”, como o mesmo destacou em sua fala, representar nossa cidade. Disse “Sim” ao golpe. Sim, golpe! Não há crime de responsabilidade que pese sobre a presidenta, portanto, não há motivo para impeachment. As críticas e reclamações que milhões de brasileiros têm para com o governo federal podem ser (e são) legítimas. O PT e a presidenta erraram em muitas decisões, principalmente nas que ditam os rumos da nossa economia, mas isso não é base legal para impedimento.

O que Elmar fez não surpreende. Ele não seguiu apenas o posicionamento de seu partido e daqueles que estão interessados em tomar o poder. Ele seguiu uma prática que eleitores campoformosenses conhecem bem: não aceitar a vontade do povo expressa nas urnas. E nem precisa de ir muito atrás no tempo para provar. Quem não aceita o que a vontade do povo elege na urnas é contra a democracia, é a favor do golpe. Representou uma Campo Formoso que em grande parte não se sente representada por ele. Ele representou a vontade de figuras como Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro, Marco Feliciano, Paulo Maluf… Quem aos porcos se mistura, farelo come.

É por isso que, infelizmente, Campo Formoso, como outras centenas de cidades pelo país, tem sim a sua parte no golpe que se constrói. Mas ao termos a aterrorizante dimensão do estado em que se encontra nosso Congresso, que o nosso cuidado com o voto seja instrumento para a mudança que podemos sim construir.

Eudes Benício é jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia

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