Coronavírus: aglomeração em filas de banco acende alerta e preocupa na Bahia

Bancos costumam ficar lotados em período de fim de mês 

csm_banco2_d6617fb463(Arisson Marinho/CORREIO)

A era digital está aí, com diversos serviços online que podem ser realizados, sobretudo o recebimento de dinheiro e o pagamento de contas, sem precisar sair de casa, mas esta é uma realidade distante para boa parte dos baianos.

Prova disto são as longas filas em todo final/início de mês, quando são realizados pagamentos de aposentados e trabalhadores, e muitas vezes na mesma ida ao banco a pessoa aproveita para pagar contas, o que aumenta o tempo de permanência.

Dentro desses horários, as pessoas conseguem ter algum tipo de ordem nas filas, mas fora deles, sobretudo nas primeiras horas da manhã, está sendo praticamente impossível haver o distanciamento de 2 metros entre as pessoas, conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde evitar a disseminação do vírus.

Na maioria dos casos, as filas maiores ocorrem nas unidades da Caixa Econômica Federal, onde é feito o pagamento do salário da maioria dos aposentados. O Banco do Brasil, em menor quantidade de pessoas, passa por situação semelhante.

Filas no interior
Nesta segunda-feira (30), por exemplo, em Jequié, sudoeste do estado, as filas nas portas dos bancos, com centenas de pessoas, começaram antes das 8h. As maiores filas eram na Caixa Econômica, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú.

Em nenhuma delas se respeitava a distância mínima de dois metros entre as pessoas, onde havia tanto idosos com mais de 60 anos (grupos de risco para a Covid-19) quanto pessoas de idade mais inferior. A cidade de 156 mil habitantes tem um 1 caso confirmado para a Covid-19.

“Eu fui porque não teve outro jeito, pois tenho de receber pagamento e só indo lá mesmo. Como vi algumas pessoas comentando sobre filas, resolvi ir cedo, umas 8h30, mas fiquei de fora e só fui atendido quase 11h”, disse o representante comercial Arlindo Silva de Oliveira, 29.

Ele declarou que usa serviços bancários digitais, mas que é forçado a ir ao banco todo mês receber o pagamento. “Depois que recebo, faço as transações todas pelo celular, só vou ao banco ou caixa eletrônico para sacar mesmo”, comentou.

A Coach Glaucia Sousa, que realiza palestras sobre reeducação financeira e finanças pessoais, orienta que as pessoas procurem os bancos só para resolver situações que não consigam pelos canais de telefone ou digitais oferecidos pelos bancos.

Ela chama atenção ainda para os próprios gastos, que “agora devem mais que tudo ser controlados, com prioridades a serem pagas, sendo os principais alimentos, remédios e moradia (aluguel)”.

“Importante também a pessoa não sair passando tudo no cartão de crédito, pois os juros virão depois. Muita gente está gastando, achando que depois o banco vai tirar o juro por conta da crise, e isso não vai ocorrer. O que está previsto são negociações de dívidas, como prestação de imóveis e outros financiamentos”, comentou.

Moradora de Vitória da Conquista, também no sudoeste, a faxineira Lúcia Isabel Teixeira Gomes, 46, disse que tem de ir todo mês à Caixa para fazer depósitos. “Boa parte do que ganho no mês coloco no banco para não ficar na mão e gastar tudo de vez”, disse ela, que não usa serviço digital, pois não tem aparelho smartphone.

E com a crise econômica gerada pela Covid-19 e a consequente diminuição dos serviços (ela só vez 8 esse mês, quando o normal é entre 15 e 20), Lúcia agora quer saber como vai ser para receber o benefício de R$ 600 que o Governo Federal anunciou para trabalhadores informais. “Quando tiver esse benefício, aí é que vai ter fila”, disse.

As aglomerações geradas por filas em bancos são motivo de preocupação também para quem trabalha nessas instituições, sobretudo por conta das pessoas que ainda não entenderam a gravidade da Covid-19.

“Mesmo com material de proteção (máscara, luvas e álcool em gel) que o banco dá, vemos que muitas pessoas ainda deram a importância para a gravidade da doença, então elas não se cuidam e vem para o banco sem nada. Tenho visto muitos idosos circulando por aí sem cuidado algum com a doença”, disse o funcionário da Caixa Econômica de Teixeira de Freitas, cidade que tem 1 caso confirmado da Covid-19 e que, mesmo assim, reabrirá boa parte do comércio nesta quarta-feira (1º).

“Quando é o horário de atendimento, ainda conseguimos fazer com que haja uma certa organização, entra de cinco em cinco pessoas, elas ficam afastadas umas das outras, mas antes do horário de atendimento e depois, no autoatendimento, não tem como controlar. A PM e a Guarda Municipal tem nos ajudado, mas no horário de atendimento”, afirmou.

Procurada para comentar o assunto, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que não tem ação prevista sobre as filas em bancos. A orientação geral é que se evite aglomerações e que se respeite a distância mínima entre as pessoas, conforme a recomendação da OMS.

Monitoramento
Desde o início da pandemia, o Sindicato dos Bancários da Bahia tem monitorado o trabalho dos bancos, por meio de um comitê de crise, formado junto com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), sindicato patronal.

“Além do contingenciamento e da mudança no horário de atendimento, o Comando Nacional dos Bancários garantiu outros compromissos dos bancos. Em muitos casos, as agências funcionam com número reduzido de bancários. Os demais, inclusive os que estão nos grupos de risco e as gestantes, realizam trabalho remoto”, diz a nota do sindicato.

Paralelamente, o Sindicato dos Bancários da Bahia tem solicitado o fechamento das agências, por entender que as unidades são grandes vetores de transmissão do vírus. “Basta olhar como estão ficando cheias nos últimos dias, mesmo com as recomendações para as pessoas não saírem de casa e manterem distanciamento nas filas, o que não tem ocorrido”, afirma o comunicado.

“O sindicato é a favor de haver o atendimento com hora marcada pela internet. Os bancos ficaram de estudar essa proposta e estão vendo alternativas para evitar as aglomerações. Situação difícil de controlar”, disse ao CORREIO o presidente do sindicato, Augusto Vasconcelos.

Bancos recomendam serviço digital para evitar filas
Com o problema das aglomerações nas filas, os bancos estão reforçando junto ao público as opções de serviços digitais. O Banco Central, por exemplo, reforça o uso do internet banking ou dos aplicativos em dispositivos móveis e tablets.

“Enquanto durarem as medidas de combate à Covid-19 (causada pelo novo coronavírus), tendo em vista os horários especiais de atendimento em agências e as limitações do atendimento por telefone, busque serviços e operações nos canais eletrônicos dos bancos e demais instituições financeiras”, recomenda.

Para esclarecer uma dúvida ou pedir informações, muitos bancos têm assistentes virtuais (chatbots), inclusive em aplicativos de troca de mensagens, como WhatsApp, e em redes sociais.

O Banco Central informou que conta com o Din, assistente virtual disponível no site da instituição ou na mensagem direta na rede social Twitter. “Se puder, evite ir às agências bancárias para movimentar dinheiro. A transferência entre contas do mesmo banco ou a TED/DOC permitem que você faça essas transações sem sair de casa. Verifique se sua instituição oferece esse serviço”, orienta o Banco Central.

Para pagamentos em geral, o banco recomenda usar meios eletrônicos sempre que possível, evitando manusear cédulas e moedas. É preferível que se pague os boletos por meio da leitura de código de barras com a câmera do celular. “É seguro e prático, além de evitar ficar exposto ao dirigir-se ao caixa da agência bancária”, diz o BC.

Nas operações com cartão, o ideal é que se prefira máquinas que aceitam pagamento por aproximação. Assim, se evita contato com os aparelhos.
Com relação às transferências, pode ser que a pessoa não esteja autorizada a fazer determinadas transações pela internet, pois excedem os limites estabelecidos. Esses limites existem para proteger o correntista de transferências sob coação de criminosos.

Alguns bancos permitem o aumento desse limite por meio do aplicativo. Em alguns casos, pode ser necessário contatar seu gerente por telefone. O ideal, nesses caoss, é verificar diretamente com o banco.

Muitos sites e aplicativos têm funcionalidades específicas para contratar empréstimos e financiamentos pela internet. Nelas é possível também tentar renegociar dívidas, sem necessidade de comparecer à agência. Verifique se eu banco oferece os serviços de renegociação e as condições das novas operações.

Veja as opções de negociações que os bancos oferecem
Os cinco maiores bancos do Brasil (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander) anunciaram a possiblidade de prorrogar as dívidas de seus clientes pessoa física e micro e pequenas empresas por 60 dias.

A medida, anunciada dia 16 de março, se aplica aos contratos de crédito vigentes com o pagamento em dia. Cada banco vai definir, a partir de critérios próprios, quais linhas de crédito serão passíveis de prorrogação.

Também ficará a cargo de cada banco as definições do processo para solicitação da prorrogação, juros praticados e demais detalhes.

Sobre a prorrogação do vencimento de contas e boletos e a cobrança de multas e juros, a Febraban declarou que “é importante deixar claro que o setor bancário dispõe da infraestrutura que possibilita o recebimento dessas contas”.

“Mas é a empresa fornecedora do serviço ou produto quem determina o valor de cobrança, a data de vencimento, os encargos, incidência ou isenção de multas. Nossa sugestão, é que as pessoas entrem em contato com os fornecedores e emissores dos boletos para pedir a isenção de juros para esses casos excepcionais”, declarou.

Segundo a Febraban, “os bancos estão engajados em continuar colaborando com o País com medidas de estímulo à economia”. Nesse sentido, os cinco maiores bancos associados, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander estão abertos e comprometidos em atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores já utilizados”.

A medida não inclui boletos de consumo (água, luz, telefone) ou de tributos (impostos), porque se referem a serviços prestados por concessionárias de serviços públicos e governos; cheque especial e cartão de crédito também não são prorrogáveis.

 Para saber quais contratos estão sujeitos a prorrogação, o cliente deve entrar em contato com o seu banco. A rede bancária e os seus canais de atendimento ficarão à disposição do público e prontos para apoiar todos os que estejam enfrentando dificuldades momentâneas em função do atual contexto.

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Tire suas dúvidas sobre as medidas anunciadas pelos bancos

Como eu faço para solicitar a prorrogação de uma dívida que tenho com meu banco?
Os clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas devem entrar em contato com seu banco, expor seu caso para saber das condições para prorrogar a dívida por até 60 dias. A medida vale para os contratos que estejam em vigência, com pagamentos em dia. Cada instituição irá definir o prazo e as condições dos novos pagamentos.

É necessário ir presencialmente até a agência para pegar esta informação e renegociar o prazo de uma dívida?
Não é necessário ir presencialmente na agência bancária. O cliente pode ligar para seu gerente e usar os canais eletrônicos para entrar em contato com seu banco. Saiba mais abaixo.

A prorrogação de dívidas é automática?
Não. Primeiramente, o cliente deve procurar o banco para renegociar o prazo, que poderá ser estendido por até 60 dias.

A medida vale para quais bancos?
A medida vale para Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander.

As medidas anunciadas pelos bancos são válidas para quais tipos de dívidas?
Valem para contratos de crédito feitos pelo cliente com o banco. Para saber quais contratos estão sujeitos a prorrogação, o cliente deve entrar em contato com o seu banco.

A medida vale para boletos de consumo?
Não, a medida não inclui boletos de consumo (água, luz, telefone) ou de tributos (impostos), porque se referem a serviços prestados por concessionárias de serviços públicos e governos; cheque especial e cartão de crédito também não são prorrogáveis.

Após renegociar uma dívida de um empréstimo que tenho com o banco, a instituição pode me cobrar juros?
Cada banco irá estabelecer seu procedimento, e cada caso será avaliado de forma individual.

Tenho garantia de conseguir uma prorrogação de um prazo de 60 dias?
O prazo é de até 60 dias. O cliente precisa entrar em contato com o seu banco.

Veja ações de bancos públicos por conta da Covid-19

Para minimizar os efeitos do Covid-19, o Banco do Nordeste (BNB) anunciou paralisação dos pagamentos de parcelas dos empréstimos e financiamentos vigentes por até seis meses. A medida tem como foco as micro e pequenas empresas, porém também pode ser estendida às empresas de outros portes que comprovem necessidade dada a atual situação econômica.

Para empresas que necessitem de novos créditos, o BNB oferece redução da taxa de juros para capital de giro, com taxa de 0,35% ao mês, e pagamento em 36 meses sem a necessidade de garantia real para valores até R$ 100 mil. Para crédito pessoal, oferece carência de até 60 dias para início do pagamento de novas operações.
Aos clientes do Crediamigo, programa de microcrédito urbano, com parcelas a vencer nos meses de março e abril, elas serão prorrogadas automaticamente pelo prazo de 30 dias.

O adiamento das parcelas é uma decisão do BNB, em esforço conjunto com o Governo Federal, para minorar os efeitos do Covid-19. O anúncio das prorrogações está sendo veiculada pelos canais oficiais do BNB, tal como constante envio de material para imprensa. Os pedidos de prorrogação e a solicitação de novos créditos podem ser realizados pelo aplicativo do Banco e pelo site oficial: www.bnb.gov.br.

Atualmente, o BNB atende cerca de 200 mil clientes no microcrédito, cinco mil microempresas e 1,5 mil empresas de médio e grande portes.

Além das medidas expostas, a Superintendência da Bahia tem fortalecido parcerias com instituições como Sebrae, ABIH e Abrasel, por exemplo, para apresentar soluções financeiras e a manutenção do emprego e renda nos setores mais impactados.

Ressaltamos que o superintendente estadual, José Gomes, está à disposição para entrevista e/ou mais informações a respeito.

Caixa 
A Caixa informou que disponibilizará R$ 33 bilhões adicionais para reforçar a liquidez da economia, totalizando um incremento extra de R$ 111 bilhões em decorrência dos impactos do coronavírus – outros R$ 78 bilhões foram anunciados na semana passada.

Os novos recursos serão disponibilizados para capital de giro, compra de carteiras, crédito para Santas Casas, além do crédito agrícola. Outra novidade é que o banco diminuiu as taxas de juros do cheque especial Pessoa Física (PF), parcelamento de fatura do cartão de crédito, capital de giro, CAIXA Hospitais, CDC e penhor.

Os empréstimos Caixa Hospitais passam de 0,96% a.m. para 0,80% a.m. (redução de 16,7%); no CDC, de 2,29% a.m. para a partir de 2,17% a.m. (queda de 5,2%); e, no penhor, de 2,10% a.m. para 1,99% a.m. (redução de 5,2%).
Já no Crédito Rural, as taxas reduzidas são a partir de 3,9% para Pessoas Físicas e a partir de 3,7% para Pessoas Jurídicas. No caso do capital de giro, a taxa máxima era de 2,76% ao mês e passa a ser de no máximo 1,51% ao mês. Para estas linhas, as condições já estão em vigor.

No cheque especial PF, para clientes com salário na Caixa, as taxas que são de 4,95% a.m. cairão para 2,90% a.m. (redução de 41,4%); o parcelamento de fatura do cartão de crédito que é na média 7,7% a.m., passará a ser a partir de 2,90% a.m. (redução de 62,3%). As condições especiais do Cheque Especial e Cartão de Crédito serão válidas por 90 dias a partir de 01/04/2020.

A Caixa aumentou ainda o volume de empréstimos para os Estados e Municípios, como o Financiamento à Infraestrutura e Saneamento Ambiental (FINISA), uma das linhas mais procuradas pelas entidades públicas, e os financiamentos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

O limite foi aberto no dia 2 de março e, em apenas 15 dias, foram contratados R$ 3,35 bilhões (246 operações com 195 tomadores). Ainda estão em estudo na Caixa 324 operações de financiamento, um total de R$ 5,16 bilhões.
Também para estimular a economia nacional, o banco disponibiliza assistência técnica gratuita que acompanha e orienta o ente na equacionalização da sua saúde financeira para que possa retomar condições de financiamento.

BB 
Para os beneficiários do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), o BB ressalta que não há necessidade de irem às agências para fazer a Prova de Vida. Conforme comunicado do Ministério da Economia, não serão bloqueados os benefícios de quem não a fizer nos próximos 120 dias.

Assim, o BB solicita que seus clientes avaliem a real necessidade de comparecimento a uma agência bancária, considerando, antes de sair de casa:

– Se a questão pode ser resolvida nos canais de atendimento eletrônico (aplicativo ou internet), ou, até mesmo, se pode ser adiada.
– A opção de compra por meio do cartão de benefício do INSS. Com ele, não é preciso ter o dinheiro em mãos para adquirir alimentos ou fármacos; basta usá-lo na função débito nos estabelecimentos. A senha é a mesma utilizada para saque.
– Em caso de extrema necessidade, o cliente pode procurar os terminais eletrônicos ou correspondentes bancários mais próximos de sua residência.

Atendimento via APP – Solução completa de atendimento, que possibilita ao cliente realizar, além de consultas, diversas movimentações financeiras. No atendimento via WhatsApp, os clientes do Banco do Brasil podem realizar operações bancárias diretamente no aplicativo de mensagens.

Estão disponíveis serviços como pagar contas (boletos e convênios); consultar limite de cartão; saque sem cartão; transferência entre contas correntes do BB; recargas de celular e do Bilhete Único do SP Trans; fatura de cartão de crédito, liberação de cartão e rastreamento de cartão.

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