Bahia tem queda de receita de quase R$ 10 milhões durante pandemia
Maior impacto está nos direitos de transmissão
Cidade Tricolor está sem treinos desde março (Felipe Oliveira/ EC Bahia)
A projeção de prejuízo idealizada pelo Bahia no início da pandemia do novo coronavírus já começou a se confirmar. Com a paralisação das atividades no futebol, o tricolor viu as suas receitas caírem de forma drástica nos últimos meses.
De acordo com o fluxo financeiro dos primeiros meses de 2020 divulgados pelo clube, a diminuição na receita durante o mês de abril chegou a cerca de R$ 10 milhões na comparação com março.
Se entre os meses de janeiro, fevereiro e março os recebimentos do clube oscilaram entre R$ 15 milhões e R$ 13 milhões por mês, em abril a conta ficou em pouco mais de R$ 3,7 milhões. Essa queda está basicamente ligada com as receitas de televisão.
Atualmente, o tricolor conta com dois contratos para a transmissão das suas partidas no Campeonato Brasileiro: um com a Turner (jogos em canais fechados) e outro com a Globo (partidas em TV aberta, pay per view e outras plataformas). O problema é que, sem o início do Brasileirão e consequentemente a não transmissão de jogos, as empresas decidiram fazer cortes nos repasses aos clubes.
Enquanto a Turner parou de fazer os pagamentos ao tricolor pelo contrato vigente, a Globo cortou o rapasse em 70%. Assim, se em março os cofres receberam cerca de R$ 4,5 milhões referentes a contratos de televisão, em abril o registrado foi de apenas R$ 151 mil, por exemplo.
“A Turner suspendeu o pagamento, não pagou nada que estava previsto. Tínhamos que receber R$ 2,5 milhões da Turner em abril e não recebemos nada, também não recebemos em maio. A Globo descontou 70% da fatura, então a nossa receita de televisão foi para quase zero. Era R$ 4,5 milhões”, explicou o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, em live realizada pelo grupo Mais um, Baêa!.
Além das cotas de televisão, o Bahia amargou prejuízos em outras receitas como bilheteria, venda de mercadorias e marketing. O que tem segurando as finanças do clube é o programa de sócios, mas ele também tem apresentado queda nos últimos meses.
De acordo com Bellintani, o tricolor tinha cerca de 40 mil associados em dia em março, no início da pandemia. O número caiu para 33 mil no final de abril e a expectativa do tricolor é continue em queda e fique entre 30 mil 28 mil no mês de maio. Os dados do último mês ainda não foram divulgados.
Para se ter uma ideia, enquanto em fevereiro a receita com o plano de sócios chegou a pouco mais de R$ 4,1 milhões, em abril ela foi de cerca de R$ 1,9 milhão. A previsão do Bahia é de perder até R$ 20 milhões em faturamento no setor.
“A gente tinha 44 mil sócios em março, quando começou a pandemia, desses a gente tinha uma média de 10% de inadimplência, ou seja, mais ou menos 40 mil sócios pagando em dia no início de março. Perdemos em torno de 35% disso no mês de abril. Saímos de 40 mil para mais ou menos 33 mil sócios adimplentes, e no mês de maio devemos perder entre mais 10% e 30%. Isso significa que vamos ter aproximadamente entre 30 e 28 mil sócios pagando em dia”, detalha o presidente.
Criatividade
No cenário de crise, o Bahia já tem claro que não conseguirá bater o orçamento de R$ 180 milhões proposto no ano passado. O cálculo no início da pandemia era de que, no pior dos cenários, o clube poderia deixar de arrecadar cerca de R$ 60 milhões na temporada.
Além das receitas já citadas, as perdas viriam também na venda de atletas. O tricolor estimou faturar cerca de R$ 30 milhões em negociação de jogadores em 2020, mas sabe que com a mudança no mercado por conta do surto do coronavírus, dificilmente vai registrar as cifras.
No início do ano, o Esquadrão chegou a rejeitar proposta de R$ 17 milhões do mercado norte-americano pelo volante Gregore. Agora, o Bahia sabe que negociar os seus ativos vai ser ainda mais importante, segundo Bellintani.
“Com mercado parado, a gente praticamente não tem propostas. Vamos precisar vender jogador, mas o ideal era ter várias propostas diferentes para poder escolher. Infelizmente quando o número de propostas é baixo, a gente fica sem poder escolher”, analisou o dirigente.
De acordo com o tricolor, a saída para superar o momento de crise está na criatividade. O clube tem incentivado os sócios a continuarem em dia ou então adiantar o pagamento de parcelas do plano. Além disso, o Bahia prepara um pacote de vantagens para quem continuar no quadro e também para novos sócios.
Outra ação foi a redução de custos. Desde o início da pandemia, o clube tomou medidas duras como o encerramento do time de aspirantes e a redução salarial dos atletas da equipe masculina e membros da diretoria.
“Agora, estamos trabalhando para reduzir as despesas, nunca conseguimos reduzir na mesma proporção, mas com muita criatividade para conseguir pegar esse déficit que o clube vai ter e fazer com que ele não impacte tanto em 2020. Jogue um pouco dele para 2021, 2022, vai ajustando aqui e ali para não ter tanto impacto e a gente consiga ter um time competitivo”, garantiu Bellintani.
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