Ministério da Saúde diz que iniciou negociação para compra de 330 milhões de seringas e agulhas

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O Ministério da Saúde informou em nota ao G1, nesta segunda-feira (7), que iniciou negociações para compra de 330 milhões de seringas e agulhas que serão usadas no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19, previsto para o início de 2021.

Segundo o Ministério, foi publicado às empresas do setor de equipamentos médicos o documento de Intenção de Registro de Preço (IRP) na quarta-feira (2). As empresas com interesse em fabricar os insumos têm até o dia 14 para se manifestarem.

“O Ministério da Saúde negocia aquisições de seringas e agulhas para atender à demanda de vacinação contra o coronavírus. No momento, encontra-se em andamento processo de compra de mais de 330 milhões de seringas e agulhas. Foi publicado no dia 2 de dezembro a Intenção de Registro de Preço (IRP). As empresas têm oito dias úteis para demonstrar interesse em fornecer os insumos. O prazo termina no dia 14 dezembro”, informou.

O superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO), Paulo Henrique Fraccaro, afirmou que o setor procurou o poder público em julho para explicar a necessidade de planejamento prévio para a produção dos insumos, que foram requisitados apenas na semana passada, porém ainda sem um edital.

“Com a experiência problemática na compra dos ventiladores e dos EPIs [equipamentos de proteção individual], o ideal agora será centralizar no governo federal a compra das seringas e agulhas por meio de licitação, com pelo menos seis meses de antecedência”, explicou Fraccaro.

Embora a demanda atual por seringas seja atendida pela indústria nacional, o superintendente explicou que o país normalmente precisa importar 400 milhões de unidades da China e da Índia. Por isso, com a aprovação e registro das vacinas contra a Covid-19 no mundo, há o receio de desabastecimento dos insumos no país.

“A corrida nacional e internacional por insumos e equipamentos para o tratamento de pacientes com coronavírus nos últimos meses evidenciou ainda mais a necessidade de um planejamento prévio para que não ocorra desabastecimento interno”, alertou Fraccaro.

“O volume de pedidos para seringas de 3ml (as mais utilizadas nas vacinações) deverá subir exponencialmente conforme as vacinas de Covid-19 forem liberadas. Por este motivo, é fundamental que os governos estejam preparados para se adiantar a essa nova necessidade”, disse.

O G1 também questionou o Ministério da Saúde se há uma data para a publicação do edital que irá determinar valores, prazos, demanda e quem fornecerá as seringas e agulhas que serão usadas para vacinar os mais de 211 milhões de brasileiros nos próximos meses, mas pasta informou que ainda não há uma previsão.

Atualmente, apenas três empresas fabricam seringas e agulhas no Brasil e a capacidade máxima da produção nacional é de 1,5 bilhão de seringas, segundo a Abimo.

Em outubro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, anunciou que vai reservar 520 milhões de seringas até o final do ano para garantir o abastecimento quando uma vacina contra a Covid-19 estiver pronta. Até 2021, o plano é chegar a 1 bilhão de seringas.

Segundo o Unicef, o objetivo é garantir que as seringas cheguem aos países antes das vacinas. “Vacinar o mundo contra a Covid-19 será um dos maiores empreendimentos em massa da história da humanidade e é preciso agir tão rápido quanto a produção de vacinas”, alertou a diretora-executiva Henrietta Fore.

Divergências

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta segunda-feira que espera vacinar cerca de 150 milhões de brasileiros contra a Covid-10 até o fim de 2021 em todo o país. No entanto, Mourão não mencionou a vacina de qual fabricante será utilizada e nem detalhou o plano de imunização.

O número citado por Mourão é superior aos 109,5 milhões de pessoas informadas pelo Ministério da Saúde em 1º de dezembro. O vice-presidente não explicou a divergência.

Também nesta segunda, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o Poder Legislativo definirá uma estratégia de vacinação com ou sem a participação do governo, embora tenha ressalvado que “o ideal” seria um plano conjunto.

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G1