Especialistas fazem a retrospectiva ambiental deste ano e alertam sobre futuros desafios para 2021

desmantamento

O professor Pedro Luiz Côrtes membro Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, participou do Programa Meio Ambiente, exibido pela Rádio USP. De acordo com ele a saúde e as questões climáticas são fatores com potencial para ditarem o futuro da humanidade.

Cita, como exemplo, a perda de biodiversidade na Amazônia, que abriga vírus até hoje desconhecidos, que convivem em equilíbrio com a fauna e a flora da região. Vírus estes que, em contato com a civilização, podem provocar pandemias ainda piores que a atual. Por isso, alerta para a necessidade de repensar as políticas atuais.

“Estamos passando por um período muito crítico da história da humanidade; o que vamos fazer nos próximos cinco ou dez anos vai ser a chave para desenhar como a humanidade vai caminhar ao longo dos próximos séculos.”

Pedro Luiz no aspecto ambiental brasileiro, avaliou o ano de 2020 no setor do meio ambiente.  “Começando pelo espaço urbano, a gente teve no início do ano fortes chuvas, em janeiro e fevereiro em Belo Horizonte, com enchentes e deslizamentos”. Logo depois, chuvas fortes também ocorreram no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde uma grande enchente paralisou as avenidas marginais durante várias horas.

Em meio à pandemia, ocorreu o aumento das queimadas na floresta amazônica em relação ao ano anterior, o que culminou na tragédia do Pantanal, “onde nós tivemos uma seca sem precedentes, que potencializou o efeito das queimadas que foram realizadas naquele bioma”.

A questão amazônica também volta a ter destaque mais tarde, durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos, quando o então candidato Joe Biden, hoje presidente eleito, assegurou que “destinaria recursos para a preservação da Amazônia e que poderia retalhar economicamente o Brasil, caso o desmatamento prosseguisse”.

E o ano se encerra com mais um problema: os reservatórios de importantes hidrelétricas, como Furnas, estão com níveis muito baixos de água, o que leva ao aumento máximo da conta de energia elétrica. Além disso, essa situação repercute no Sistema Cantareira, o que pode gerar problemas de abastecimento para 2021.

Já o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF) da USP, sobre o artigo As Três Emergências que Nossa Sociedade Enfrenta: Saúde, Biodiversidade e Mudanças Climáticas, publicado na centésima edição da revista Estudos Avançados, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, aponta as crises da saúde e climática, assim como a perda de biodiversidade, como fatores que têm desestabilizado não só o Brasil, mas todo o planeta. Problemas esses que, para Artaxo, foram agravados durante a pandemia da covid-19, além de mostrarem que “não há como a humanidade resolver um problema global com uma precariedade tão grande de governança”.

Para Artaxo, a solução para as crises que o mundo vem enfrentando virá quando os países escolherem governos comprometidos com a democracia e a questão ambiental. No caso do Brasil, afirma que é necessário “retornar para um sistema onde a população tenha voz e possa participar das grandes decisões nacionais”. Conta que, atualmente, as ações em relação ao meio ambiente estão nas mãos de pequenos grupos, como o setor do agronegócio, mas adverte que os recursos naturais “não pertencem a um setor, mas a todos os brasileiros”.

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Redação redeGN com informação Jornal da USP