Ex-prefeitos são presos suspeitos de corrupção na Bahia
Justiça determinou também o afastamento do gestor de Santa Cruz Cabrália
Os ex-prefeitos de Porto Seguro e Eunápolis, o casal Cláudia e Robério Oliveira, foram presos, nesta terça-feira (15), e a justiça determinou também o afastamento do gestor de Santa Cruz Cabrália, Agnelo Silva Santos Júnior. Todos são do PSD e estão sendo investigados por um esquema de fraudes em licitações e desvio de dinheiro público. Outros quatro mandados de prisão foram expedidos. Foi determinado também o sequestro de bens e valores de cerca de R$ 11 milhões dos envolvidos.
Cláudia e Robério foram presos em Porto Seguro. Outro homem foi preso em Vitória da Conquista. Eles estão passando por audiência de custódia, e o juiz decidirá se o destino deles será o presídio ou a prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Outras três pessoas estão foragidas.
Batizada de Operação Fraternos, a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) revelou, em novembro de 2017, um suposto esquema de fraudes em licitações de três prefeituras do Extremo Sul da Bahia. Nesta terça, a PF não divulgou os valores desviados, mas o CORREIO apurou que em 2019 os contratos somam R$ 200 milhões.
Os principais alvos da operação são o prefeito Agnelo Silva Santos Júnior (Santa Cruz Cabrália), e os ex-prefeitos Cláudia Oliveira (Porto Seguro) e José Robério Batista de Oliveira (Eunápolis). Devido ao grau de proximidade entre eles (Agnelo é irmão de Cláudia, casada com Robério) e os demais investigados é que a operação recebeu esse nome. A apuração conta com apoio também da Controladoria Geral da União (AGU).
Cláudia, Robério e Agnelo (camisa azul) foram alvos de investigação (Foto: reprodução)
A investigação está concentrada em crimes que aconteceram entre 2008 e 2017. As seis prisões preventivas desta terça-feira (15) foram expedidas pelo Juízo da Vara Criminal Federal de Eunápolis, a partir de representação encaminhada pelo MPF, e deveriam ter sido cumpridas nos municípios de Eunápolis, Porto Seguro, Vitória da Conquista e Salvador, mas três suspeitos não foram encontrados e são considerados foragidos. Os nomes deles não foram divulgados.
Segundo a PF, o esquema funcionava assim: primeiro, o grupo criou uma dezenas de empresas de fachadas em nomes de ‘laranjas’ para participarem das licitações; depois, a firma escolhida transferia o dinheiro público para contas operadas pela organização criminosa; por fim, devolviam o dinheiro para os líderes através da compra de imóveis de luxo, quitação de dívidas milionárias contraídas por um dos prefeitos; pagamento de despesas pessoais e a realização de evento.
Em nota, a Polícia Federal afirmou que parlamentares participavam do esquema. “Também foi possível apurar no curso da operação que o grupo contava com a participação de vereadores de um dos municípios, destinatários de parte dos recursos desviados, e que, apesar da reiterada reprovação das contas pelo Tribunal de Contas do Município durante os dois mandatos exercidos pelo gestor, eram aprovadas pela Câmara Municipal”, diz.
Os investigados responderão pela prática dos delitos de Corrupção Passiva, Corrupção Ativa, Peculato, Organização Criminosa, Fraude a Licitações e Lavagem de Capitais.
Procurados, o Partido Social Democrático (PSD), ao qual os três gestores são filiados, e a Prefeitura de Santa Cruz Cabrália, onde o prefeito foi afastado, ainda não comentaram o caso.
O CORREIO ainda não conseguiu contato com a defesa do prefeito Agnelo Santos e dos ex-prefeitos Cláudia e Robério Oliveira.
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