Universidades federais baianas já têm protocolo sanitário para retorno presencial

Ufsb, Ufob e Ifba já retomaram algumas atividades, e na Ufba servidores começam presencial a partir desta semana

csm_Ufba_5a948feea4(Marina Silva/ CORREIO)

Após um ano e sete meses com as portas fechadas, a esperança de retorno: as universidades e institutos federais baianos já têm definidos os protocolos sanitários para a volta das aulas e atividades presenciais em 2022. A Universidade Federal da Bahia (Ufba) exige que todos estejam vacinados com as duas doses da vacina contra a covid-19, usem máscara, façam distanciamento e o ar-condicionado está proibido, exceto em ambientes com equipamentos que precisam de climatização para manutenção e funcionamento. O corpo administrativo, que tem, ao todo, 1.295 funcionários, retorna a partir desta semana.

“O retorno às atividades administrativas presenciais será gradual, com início previsto para a primeira semana de novembro e se estenderá por todo o mês, na medida em que cada órgão esteja devidamente preparado”, explica o epidemiologista e professor do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), Eduardo Mota, coordenador do Comitê de Assessoramento do Coronavírus da Ufba.

Se os índices epidemiológicos continuarem como estão, as atividades poderão retomar 100% presenciais. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), 232 novos de covid-19 e 1 morte foram registrados nas últimas 24 horas, na Bahia (no sábado, foram 482 novos casos e seis mortes). Isso demonstra uma redução de 76% de infectados e 86% de vidas perdidas em três meses. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estava em 36% nesse domingo (31).

“Com o descenso da curva de casos e óbitos, redução da proporção de leitos de UTI ocupados e ampliação da vacinação completa contra a covid-19, é considerada favorável ao início do retorno às atividades presenciais, gradualmente, com todos os requisitos de biossegurança que reduzam os riscos de transmissão e infecção pelo vírus SARS CoV-2. A expectativa é que essas condições persistam melhorando nos meses vindouros”, avalia Mota.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano) já retomaram as atividades administrativas. O Ifba voltou com 25% da capacidade, no dia 18 de outubro, na unidade de Salvador. São permitidas ainda as atividades práticas de laboratório e estágios presenciais. Segundo o pró-reitor de ensino Jancarlos Lapa, reitor em exercício do Ifba, cada um dos 22 campi tem autonomia para decidir quando retorna. Essa independência setorial também ocorre no IF Baiano.

“Aprovamos um protocolo de retomada gradual, com quatro fases. Todas as universidades do Ifba já estão autorizadas para acionar as fases, com a devida autonomia, porque elas dependem de indicadores sanitários locais, como taxa de vacinação, de novos casos e ocupação nas UTIs. Cada fase tem que durar, no mínimo um mês”, explica Lapa. Para o avanço à última fase, é necessário que 90% da população da região tenha tomado as duas doses da vacina contra covid-19.

Interior da Bahia 
A Universidade Federal do Sudoeste da Bahia (Ufsb), a Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), assim como o IF Baiano e o Ifba, em Salvador, são as únicas que já retornaram com atividades presenciais administrativas. A Ufsb retomou no dia 4 de outubro, com limite de 30% de ocupação por setor, em esquema de rodízio. Grupos de risco, como idosos e pessoas com comorbidade, permanecem em trabalho remoto.

“A gestão estabeleceu um número máximo de trabalhadores para cada espaço físico e cada setor se organizou de acordo com as demandas específicas. Os docentes que quiserem usar as bibliotecas e os laboratórios para pesquisa também podem usar, a partir de agora. Estamos tentando respeitar a situação de cada um, sem deixar de atender o essencial”, informa o Pró-Reitor de Gestão Acadêmica da Ufsb, Francesco Lanciotte.

Até sexta-feira (5), os colegiados enviarão um ofício sobre as necessidades de cada curso, para que o comitê de gestão de crise defina se algumas aulas práticas voltam ou não no final de novembro. “Se tudo caminhar, voltaremos no próximo semestre e, definitivamente, presencial, a partir de março”, espera Lanciotte.

Já a Ufrb definiu, na semana passada, que ocorrerá o avanço para a fase 4, com a abertura gradual dos laboratórios para ensino e extensão, retomada das atividades administrativas de forma híbrida, aulas práticas de graduação e pós-graduação de forma presencial, escalonadamente, e o retorno dos servidores administrativos, mas sem definir a data.

Data indefinida 
As regras já foram definidas, mas as universidades não sabem quando ocorrerá o retorno e se o próximo semestre será 100% presencial, híbrido ou remoto. Segundo a reitora da Ufsb, Joana Angélica Guimarães, ela fará um estudo de custos para incluir as despesas com equipamentos limpeza, antes desnecessários. “Será um desafio frente aos cortes orçamentários que temos enfrentado nos últimos anos”, afirma. As outras faculdades ainda não sabem como o aumento do custo operacional impactará no retorno das atividades presenciais.

O pró-reitor de ensino de graduação da Ufba, Penildon Silva Filho, explica que haverá uma reunião no dia 12 de novembro para bater o martelo sobre a modalidade de ensino de 2022.1. A tendência é de que seja presencial. “Temos a esperança que seja, majoritariamente, presencial. E, no caso que as pessoas não possam se deslocar para a universidade, que a gente mantenha alguma atividade online, com devidas exceções aprovadas pelos departamentos. Mas, a regra é a presencialidade”, adianta Silva Filho.

Na última sexta-feira (29), o Conselho Universitário (Consuni) da Ufrb iria definir quando e como seria o retorno das aulas presenciais para o ano que vem. A reunião, no entanto, foi suspensa, sem previsão de nova data. A tendência, “havendo condições epidemiológicas favoráveis”, é “intensificar as atividades presenciais”, segundo a universidade. O semestre 2021.2 da graduação começa em abril de 2022 e o da pós graduação no dia 7 de março.

A Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) tampouco definiu data e ainda está na fase 0 do protocolo de retomada. “Não temos como prever uma data para o retorno, porque dependemos do atendimento aos parâmetros estabelecidos no plano”, esclarece o engenheiro de segurança do trabalho da Univasf, Erlhinton Abreu, presidente da comissão responsável pela elaboração do Plano Gradual de Retomada de Atividades Presenciais da faculdade.

Até o final de novembro, a Ufsb definirá o modelo de 2022 e a Ufob até início de dezembro. No oeste baiano, a universidade continuará na modalidade remota até o final do semestre em vigência. Algumas atividades práticas estão presenciais, como estágios dos cursos de saúde.

Ansiedade e receio 
Desde que começaram as aulas remotas na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (Ufrb), a estudante do sexto semestre de ciências sociais Thais Machado, 24, não consegue estudar direito. “Moro em um bairro periférico, então o acesso à internet é muito difícil, oscila e, muitas vezes, não consigo entrar ou participar ativamente. Fui muito prejudicada”, conta Thais. Apesar de ainda ter receio, ela espera que as aulas presenciais retomem nos campi, em 2022.

csm_thais-estudante-ufrb_d9effac4bdA estudante Thais Machado tem tido dificuldades com o ensino remoto (Foto: Acervo Pessoal) 

Para Thais, a volta ao ensino presencial é um mix de medo e ansiedade. “Fica a preocupação sobre a falta de uso de máscara, distanciamento e álcool em gel, e uma possível nova onda do coronavírus. Por outro lado, o ensino remoto também trouxe diversas dificuldades, para a saúde mental e desempenho dos alunos. Então é uma mesclagem de sentimentos”, desabafa Thais, que completou a imunização com as duas doses.

No caso de Gabriel Almeida, 21, estudante de engenharia da computação da Ufba, é mais confortável se manter no ensino remoto, apesar de sentir falta da vivência na faculdade. Ele só teve duas semanas de aula presencial, em 2020, quando cursava o primeiro semestre. “Algumas matérias poderiam continuar no online, até porque dependem de programas no computador. É bom ter o horário mais livre e é um conforto doloroso de perder, mas sinto saudades da Ufba”, conta.

2Gabriel Almeida gosta do conforto do ensino remoto (Foto: Acervo Pessoal)

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro 

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