‘Não vai haver aumento no preço’, diz presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás
Acelen diz que fornecimento de gás deve voltar a ser entregue acima da cota contratual em cinco dias
Mesmo com a crise no abastecimento de gás de cozinha para as revendedoras e consumidores baianos, o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás da Bahia (Sinrevgas), Robério Souza, informou que o produto não vai ficar mais caro. “A situação deu uma leve melhorada, o cenário ainda é preocupante, mas o consumidor pode ficar tranquilo com relação ao valor”, destacou.
O presidente do sindicato explicou que a situação só será normalizada quando a Acelen voltar com a oferta normal do produto. Segundo ele, toda a Bahia está sofrendo com a falta do gás, mas no interior do estado a crise é maior, como em Feira de Santana e Serrinha.
Na capital, de acordo com Souza, aproximadamente 30% das revendedoras estão alternando entre fechamento e abertura durante o dia. “Isso acontece porque antes eles recebiam 70 unidades por dia, hoje recebem 30. O que a empresa recebe não é suficiente para manter o estabelecimento aberto o dia todo. Está demorando para chegar o gás e quando chega é de forma fracionada”, acrescentou o presidente.
A revendedora Mello Santos Comercial de Gás LTDA, localizada em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), está fechada desde terça-feira (8). “Só chegou 23 unidades na terça, não deu nem para quem já está esperando”, disse a dona do estabelecimento, Rosana Mello.
Já a Revenda Biju Gás, no bairro Pernambués, em Salvador, segue funcionando, mas com poucas unidades. “A gente recebia cerca de 105 unidades de gás, hoje estamos recebendo 35 por dia. No início do mês a demanda é sempre mais alta e, com a falta, alguns clientes pensando que a situação pode piorar e estão enchendo o botijão reserva, fazendo com que falte para quem está sem nenhum”, destacou a dona da empresa, Kátia Brandão.
Segundo ela, como a situação se estende há mais de uma semana, algumas revendas já sentem o impacto no fluxo de caixa. “Pagamentos começam a atrasar e o salário dos funcionários também”, finalizou.
A Acelen, dona da Refinaria de Mataripe, informou que está atuando ativamente para restabelecer, aos níveis normais, o fornecimento de gás aos clientes. A falta do produto acontece porque algumas unidades da Refinaria de Mataripe estão passando por manutenção programada ou reativação, o que a empresa diz ter informado com antecedência de 90 dias à agência reguladora e a seus clientes.
Para garantir uma operação mais eficiente e segura para funcionários e população do entorno, a Acelen destacou que foi necessário ajustar os prazos originalmente previstos para retomada da operação. “É importante destacar que a empresa vem tomando todas as medidas para restabelecer o suprimento ao mercado da Bahia e de Sergipe. Foram e seguem sendo ampliadas as importações do produto, com a contratação de navios de GLP[gás liquefeito de petróleo], medida que será reforçada até que a produção na refinaria tenha sua capacidade total inteiramente regularizada”, disse a empresa por meio de nota.
Fornecimento de gás deve voltar a ser entregue acima da cota contratual em cinco dias
A Acelen está importando gás de cozinha da Argentina e retomando a operação de uma unidade que estava hibernando há três anos para acelerar o processo de fornecimento do gás de cozinha (GLP). A empresa estima que em quatro a cinco dias deverá voltar a entregar o produto acima da cota contratual estipulada para o período de manutenção. Segundo a proprietária da refinaria, os distribuidores de gás foram informados sobre a redução na oferta do produto durante a operação de manutenção de unidades que está acontecendo há pelo menos 90 dias.
O vice-presidente comercial e trading da Acelen, Cristiano da Costa, garantiu em entrevista exclusiva para o CORREIO que em nenhum momento a empresa deixou de fornecer a quantidade do produto acertada com a cadeia de distribuição e venda do gás. “A refinaria está passando por uma parada de manutenção programada, obrigatória e requerida por lei. Esta decisão havia sido tomada ainda na gestão anterior, da Petrobras”, destacou Costa. “Quando identificamos que precisava acontecer, notificamos agência reguladora (ANP) e todos os nossos clientes oficialmente há no mínimo 90 dias”, diz.
“Contratualmente, sinalizamos que reduziríamos para uma cota menor, dentro dos volumes contratuais previstos. Em momento algum deixamos de abastecer, estamos entregando o gás de cozinha”, afirma.
Para ele, o cenário de dificuldades no abastecimento se explica por outros fatores, como os bloqueios nas estradas que vêm sendo realizados nas últimas duas semanas. Além disso, a retomada operacional de uma outra unidade da Refinaria de Mataripe que também produz GLP estaria demandando um esforço maior do que o previsto inicialmente. Com a chegada do produto importado da Argentina e o reinício da produção na unidade que estava parada há três anos, a Acelen projeta fornecer um volume de GLP maior que o contratualmente previsto durante a manutenção.
“O mercado brasileiro de GLP é extremamente curto, apertado. Não existem muitas alternativas de comprar em outros lugares. A Acelen se programou para substituir a queda de produção por importações e estamos fazendo isso”, destaca Cristiano da Costa.
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