Ministério da Saúde avalia adotar o uso de inteligência artificial no SUS
O Ministério da Saúde anunciou que estuda a implementação de inteligência artificial (IA) para melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS). Até agora, a pasta não detalhou como vai ocorrer essa transformação.
Especialistas ouvidos pelo Correio apontam as vantagens e os desafios que se apresentam na implementação da tecnologia no na saúde pública do país.
Na avaliação da Secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, a mudança deve ser focada em diminuir e filtrar as pessoas que procuram a rede. “A ampliação do acesso com a redução de filas de espera de consultas especializadas, [deve gerar] mais resolutividade, redução de custos e mais qualidade da atenção à saúde”, disse.
O plano do ministério, como se vê, é apenas um preâmbulo das possibilidades em discussão sobre o tema. Faltam detalhes de como seria a transformação da saúde pública com o uso das IAs. Os especialistas preveem impactos positivos, como atendimento em áreas remotas do país e personalização de diagnósticos. Porém, é preciso preparar o terreno, por meio de ações como a unificação de informações sobre os pacientes.
Alexandre Chiavegatto Filho, doutor em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado na Universidade Harvard, afirma que o SUS tem melhor potencial de implementação dessas ferramentas do que a iniciativa privada. Segundo o pesquisador, cada centro médico da iniciativa privada possui um sistema próprio, o que demandaria a criação de ferramentas de IA específicas para cada um. Além disso, esse isolamento entre sistemas resultaria em bases de dados menores, o que se traduziria em limitações a essas ferramentas, se comparadas à do SUS.
“O SUS é um sistema do qual 75% da população depende exclusivamente. Assim, a quantidade de informação que esse sistema gera abre o potencial para usarmos essa informação para auxiliar (a tomada de) melhores decisões”, explica.
O presidente da Saúde Digital Brasil, Caio Soares, ressalta que a tecnologia é necessária para a comunicação e detecção precoce de doenças. “Em casos menos extremos, conseguimos ganhar muitos anos de vida com qualidade para os pacientes ao anteciparmos o diagnóstico e o tratamento. É um impacto muito alto”, destacou.
Alexandre Chiavegatto destaca o benefício gerado para as regiões mais remotas do país, onde o acesso a alguns tipos de exames e a médicos especialistas é mais difícil. Segundo o especialista, essas ferramentas auxiliarão em melhores tomadas de decisão e a fornecer diagnósticos mais bem embasados e personalizados para os pacientes dessas áreas.
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Agência Brasil