Polícia investiga ‘milícia’ de indígenas envolvidos na morte de mulher torturada na Bahia

Parentes de cacique preso por tortura também cometeram homicídio, segundo investigações

Cacique da aldeia de Águas Belas participou de tortura em território vizinho, segundo a polícia Crédito: Divulgação/PC

A morte de Miscilene Dajuda Conceição, 44, torturada na zona rural de Prado, no domingo (14), não foi o primeiro crime em que indígenas da aldeia Águas Belas estiveram envolvidos. É o que apontam investigações da Polícia Civil, que tem provas de que parentes do cacique Baia tenham assassinado um homem dentro da aldeia, em abril deste ano. O líder foi preso na segunda-feira (14), suspeito de participar da tortura que causou a morte de Miscilene, em um território vizinho.

O cacique Baia, como Evail da Conceição é conhecido, integraria uma espécie de “milícia” formada por indígenas na região sul do estado, segundo as investigações. Familiares dele são suspeitos de terem matado, com tiros e golpes de faca, o também indígena Amarilson Conceição de Oliveira, no dia 6 de abril. Até hoje, ninguém foi preso pelo crime.

Segundo o delegado Moisés Damasceno, titular da 8º Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Teixeira de Freitas), a morte de Miscilene, no final de semana, não teve relação direta com o crime de três meses atrás. O elo entre os episódios, que ocorreram em aldeias vizinhas, é justamente o cacique Baia.

“Parentes do cacique da aldeia Águas Belas praticaram o crime de abril […] Sabemos que ele não é bem visto entre as comunidades. Segundo as informações é como se eles tivessem uma milícia que oprime as outras aldeias. Uma confusão política entre eles”, explica o delegado. Segundo Moisés Damasceno, a disputa não tem relação com conflitos de terra.

Além do cacique Baia, outros três homens foram presos pelo envolvimento na morte de Miscilene, na segunda-feira (15). A indígena foi vítima de agressões depois que a casa em que ela morava com o companheiro, Lucimar Rocha da Silva, 40, pegou fogo. Ele teria incendiado o imóvel acidentalmente, ao atear fogo em notas de dinheiro, após uma discussão do casal. Ambos viviam na aldeia de Corumbauzinho, que fica próxima de Águas Belas.

Quando o irmão de Lucimar, nativo de Águas Belas, soube da morte, se revoltou contra Miscilene e a ameaçou de morte. Na mesma noite do incêndio, ele e o cacique Baia torturaram a indígena e a mataram com um golpe de enxada. Antes de morrer, a vítima foi jogada nos restos queimados da casa. Os dois foram presos em flagrante, além do pai e do cunhado do cacique. A reportagem não conseguiu localizar as defesas dos suspeitos.

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