Especialistas dão dicas de assuntos comuns no Enem
Levantamento de professores analisou todas as provas do exame desde 2009
Sem dispor de fórmula mágica, todo ano professores pensam em formas de melhorar a preparação de seus alunos que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Uma das estratégias mais eficientes é estudar com base em questões de edições anteriores da prova do Ministério da Educação (MEC). Com isso em mente, as equipes pedagógicas da plataforma QG do Enem e do sistema Eleva de Ensino analisaram todas as mais de mil questões do exame desde 2009 e produziram rankings com os assuntos mais recorrentes dentro das disciplinas cobradas no concurso, que acontece daqui a pouco mais de um mês, nos dias 5 e 6 de novembro, em todo o país.
Esses dados são bons para o aluno se guiar nesta reta final. É impossível, a poucas semanas do Enem, estudar novamente o conteúdo inteiro, de todas as disciplinas do ensino médio — diz Carolina Pavanelli, diretora pedagógica do Eleva Educação. — Em uma prova como a de Linguagens, por exemplo, que tem 40 questões (fora as cinco de língua estrangeira), mesmo um assunto com percentual baixo na nossa análise tem chances imensas de cair. Assim, o aluno até pode organizar os estudos finais da maior para a menor porcentagem, priorizando as mais recorrentes, mas o ideal é que contemple todo o conteúdo listado.
A prova do Enem é composta pela redação e por 180 questões de múltipla escolha distribuídas entre quatro áreas de conhecimento: Matemática e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; e Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Cada área de conhecimento engloba diferentes disciplinas. Para a análise, os professores elaboraram oito rankings levando em conta matemática, história, geografia, filosofia e sociologia, língua portuguesa e literatura, biologia, física e química.
Os rankings são formados pelos dez assuntos que mais apareceram em cada disciplina. A prova de Ciências Humanas, por exemplo, é formada por 45 questões de história, geografia, filosofia e sociologia. Em história, o assunto que mais surgiu entre as questões foi Brasil Colônia, seguido de Primeira República. E por aí vai (veja o gráfico ao lado). Na avaliação de matemática, as operações com frações estão em primeiro no ranking. Já no que diz respeito à biologia, o tópico “lixo: problemas ambientais” foi o mais assíduo nas sete edições do Enem desde 2009.
O estudo sobre as questões faz parte do “Livro do Enem”, material produzido pelo Eleva Educação que compila uma série de outras dicas e informações sobre a prova que se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior no país. Apenas neste ano, cerca de 8,6 milhões de pessoas se inscreveram para fazer o exame.
É FUNDAMENTAL CONHECER A ESTRUTURA DA PROVA
A poucas semanas da prova, a tensão começa a se intensificar para alguns candidatos. Mas professores recomendam, antes de qualquer coisa, muita calma nessa hora: se o estudante se preparou e conhece a estrutura da prova, não há por que ficar nervoso. Além disso, os especialistas no exame têm uma série de dicas para essa reta final de estudos. Fazer simulados elaborados nos moldes do Enem é essencial nestas semanas anteriores.
— As questões não se repetem, mas como os itens são formulados a partir de habilidades e competências definidos, quanto mais o aluno faz questões desse tipo, mais craque ele se torna para respondê-las. Simulados e provas antigas proporcionam contato não só com o tipo de questão, mas também com o ritmo de prova — frisa Carolina. — É improvável que uma pessoa que nunca tenha feito um simulado chegue na prova do Enem e consiga realizar 180 questões e uma redação sem dificuldades. É preciso treinar bastante.
As provas de redação e de matemática são as mais temidas. A primeira devido ao peso na nota final, e a segunda, porque pode se transformar justamente num diferencial, uma vez que a média dos estudantes brasileiros tem dificuldades com a disciplina. A redação é aplicada no segundo dia de exame. Os professores sempre aconselham que o aluno comece pela redação. Quem deixa para depois pode acabar com pouco tempo para a prova mais extensa do exame.
O professor de matemática Felipe Rossi, um dos diretores do Colégio e Curso de A a Z, diz que saber lidar com o tempo é o grande “x” da questão.
— O grande desafio do Enem é a estratégia de realização da prova e o controle do tempo. Então, é importante praticar, fazendo provas antigas, marcando o tempo real da avaliação (quatro horas e meia no sábado, e cinco horas e meia no domingo) e usando somente caneta — diz o professor, que acrescenta outra dica: — Observe os assuntos que caem com mais frequência e se dedique àqueles que ainda não domina.
Diretor de ensino do Colégio e Curso pH, Luís Felipe Abad ressalta a importância de conhecer o trajeto até o local da prova. Os portões do Enem se fecham às 13h, sem tolerância. E é preciso planejar o que vai levar, checar o lugar exato da prova e estudar o caminho e o tempo médio até o local.
— Todo ano vemos pessoas batendo de cara na porta, às vezes um minuto atrasadas — lembra.
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O Globo