Por que alguns conflitos ganham o mundo e outros ficam invisíveis?
A atenção global a certos conflitos, como o entre Israel e Palestina, não é fruto do acaso, mas de interesses políticos, econômicos e midiáticos. Enquanto muitas crises maiores permanecem ocultas, essa seletividade revela quem realmente define o que importa no cenário mundial. Compreender isso é essencial para enxergar além das aparências.
Primeiro, a região possui um valor simbólico e religioso enorme para judeus, cristãos e muçulmanos, o que amplifica o interesse internacional. Milhões veem a Terra Santa como sagrada, tornando qualquer tensão ali motivo de grande comoção e mobilização política e social. Isso não ocorre com a mesma intensidade em regiões como Sudão, Síria, Ucrânia ou países africanos onde a violência é contínua e devastadora.
Segundo, Israel é aliado estratégico dos Estados Unidos e de países europeus, o que gera enorme cobertura midiática, debates acadêmicos, manifestações em universidades e mobilizações políticas. Já conflitos em países africanos, América Latina, Ásia Central ou em regiões como o Tibete e Timor-Leste, onde a ocupação e a repressão duram décadas, recebem pouca atenção porque afetam menos os interesses diretos do Ocidente ou não se encaixam em narrativas globais de direitos humanos com o mesmo apelo emocional.
Terceiro, a mídia internacional é controlada por grandes conglomerados que decidem quais guerras ou crises são “vendáveis” para seu público. Isso explica por que conflitos em regiões como a África subsaariana, onde milhões morrem de fome, guerra e doenças, são tratados como problemas distantes ou locais, enquanto a questão israelense-palestina é destaque constante. A manipulação das narrativas cria uma visão enviesada que muitas vezes ignora atrocidades cometidas por regimes aliados ou potências mundiais.
Quarto, a geopolítica influencia muito as reações internacionais. A Rússia invadiu a Geórgia, anexou a Crimeia e mantém guerra na Ucrânia com milhares de mortos, mas a resposta global varia conforme interesses estratégicos. A China reprime opositores, ocupa o Tibete desde 1950 e ameaça territórios como Taiwan, mantendo relações comerciais com quase todos os países. Muitas outras crises são abafadas para preservar alianças e economias, revelando uma hipocrisia clara no tratamento das guerras.
Por isso, a atenção midiática desproporcional dada a Gaza e à Palestina decorre de símbolos religiosos, alinhamentos políticos, seletividade midiática e interesses econômicos.
Aqui está uma lista de crises e conflitos importantes que recebem pouca atenção internacional, apesar da gravidade e do impacto humano:
1- Timor-Leste. Ocupado pela Indonésia de 1975 até 1999, com forte repressão e milhares de mortos. Embora tenha conquistado a independência, ainda enfrenta desafios políticos e sociais, com pouca visibilidade global.
2 – Tibete. Sob ocupação chinesa desde 1950, com restrições severas à cultura, religião e liberdade do povo tibetano. O conflito permanece quase invisível na maior parte da mídia mundial.
3 – Sudão do Sul. Independente desde 2011, mas marcado por guerras civis internas, fome e deslocamentos massivos de população, com pouco destaque na imprensa internacional.
4 – República Centro-Africana. Guerra civil persistente há mais de uma década, com milhões de pessoas afetadas por violência, deslocamentos e crise humanitária, pouco conhecida fora do continente africano.
5 – Iêmen. Guerra civil devastadora desde 2015, considerada uma das piores crises humanitárias atuais, com milhões em risco de fome e doença, mas com atenção irregular da mídia.
6 – Myanmar (Birmânia). Após o golpe militar em 2021, o país vive guerra civil e repressão brutal contra grupos étnicos e opositores, com informações limitadas chegando ao mundo.
7 – Sahel Africano (Mali, Níger, Burkina Faso). Conflitos armados, ataques terroristas e crises de refugiados crescentes, mas pouca cobertura constante ou pressão internacional efetiva.
8 – Colômbia. Conflitos armados internos, especialmente contra grupos guerrilheiros e narcotraficantes, além de violações dos direitos humanos, pouco retratados globalmente.
9 – Síria. Embora tenha tido um pico de cobertura, o conflito está praticamente esquecido na mídia atual, apesar da instabilidade e sofrimento contínuo.
10 – Região do Saara Ocidental. Disputa territorial com pouca atenção, onde o povo saharaui vive em condições difíceis sob ocupação marroquina.
Esses são apenas alguns exemplos de crises profundas que impactam milhões, mas recebem uma fração da atenção e da resposta internacional dedicadas a outras regiões. A seletividade da mídia e dos interesses políticos influencia diretamente quais guerras viram pauta mundial e quais permanecem esquecidas.
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Por Pastor Teobaldo – Pastor evangélico há 30 anos, com formação em Teologia, Psicanálise Clínica/ R